quinta-feira, 12 de março de 2015
A definição da estupidez
Carlo M. Cipolla, Professor Emérito
de Historia Econômica em Berkeley chegou a uma definição interessante da estupidez. Todos seus livros foram publicados em
inglês, exceto três. O primeiro foi publicado por “Il Mulino” em Bolonha em
1988.
Nesse livro há um pequeno ensaio intitulado As Leis Básicas da Estupidez
Humana, que talvez seja o melhor de tudo que já foi escrito sobre a
matéria.
As Cinco
Leis da Estupidez, segundo Carlo Cipolla, são as seguintes:
Primeira Lei: Sempre subestimamos o número de pessoas
estúpidas.
Isto não é tão obvio como parece, diz Cipolla, porque:
a) pessoas que pensávamos ser racionais e inteligentes,
de repente mostram-se estúpidas sem dar margem a dúvidas; e
b) dia após dia somos afetados em tudo que fazemos por
gente estúpida que invariavelmente aparece nos lugares menos apropriados.
Ele também observa que é impossível estabelecer uma
porcentagem, já que qualquer número que escolhamos será pequeno demais.
Segunda Lei: A probabilidade de que uma pessoa seja
estúpida é independente de qualquer outra característica de sua personalidade.
Se estudamos a frequência da estupidez nas pessoas que
limpam as salas de aula depois que os alunos se foram e nos professores,
verificaremos que nestes últimos ela é muito más alta do que esperávamos.
Poderíamos supor que ela está relacionada ao baixo nível de educação, ou ao
fato de que as pessoas não estúpidas têm melhores oportunidades de conseguir
bons empregos. Mas quando analisamos os estudantes ou os professores
universitários (ou, adicionaria eu, os programadores de computador) a
distribuição de estupidez é exatamente a mesma.
As militantes feministas podem exultar-se, disse Cipolla,
mas o quociente de estupidez é o mesmo em ambos os gêneros (ou em tantos
gêneros ou sexos você decida considerar). Não há nenhuma diferença no fator de
estupidez, seguindo Cipolla, quando são comparadas as raças, a condição étnica,
a educação etc.
Terceira Lei (a de Ouro): Uma pessoa estúpida é alguém
que ocasiona dano a outra pessoa, ou a um grupo de pessoas, sem conseguir
vantagem para si, ou mesmo com prejuízo próprio.
(Voltaremos a essa Lei, porque é o conceito central da
Teoria de Cipolla)
Quarta Lei: As pessoas não estúpidas sempre subestimam o
poder de causar dano das pessoas estúpidas. Constantemente elas se esquecem que
em qualquer momento, e sob qualquer circunstância, associar-se com gente
estúpida invariavelmente constitui-se em erro com prejuízo.
Isso sugere (diria eu) que as pessoas não estúpidas são
assim mesmo um pouco estúpidas – mas voltarei a esse ponto ao final.
Quinta Lei: A pessoa mais perigosa que pode existir é a
estúpida.
De todas as Leis, essa é provavelmente a mais facilmente
entendida, si bem que somente porque é do conhecimento comum que as pessoas
inteligentes, sem importar quão hostis elas sejam, são previsíveis, enquanto
que as pessoas estúpidas não o são. Ademais, seu corolário básico: Uma pessoa estúpida é más perigosa
que um bandido, nos conduz à parte medular da Teoria de Cipolla.
Existem quatro tipos de pessoas, disse ele, dependendo de
seu comportamento em uma transação:
O Infeliz (ou desesperado): alguém cujas ações
geram prejuízo próprio, mas que também criam vantagens para outros.
O Inteligente:
alguém cujas ações geram vantagens, igualmente para si e para os outros.
O Bandido:
alguém cujas ações geram vantagens para si, ao mesmo tempo que causam danos a
outros.
O Estúpido:
já temos esta definição na Terceira Lei.
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