domingo, 10 de maio de 2015
Os cianicidas, um perigo para a cianetação de ouro
Sulfetos e óxidos de
ferro estão presentes na maioria dos minerais auríferos. A pirita
aparece como o mais comum dentre os sulfetos, seguida da arsenopirita e da
pirrotita.
A marcassita e a
pirrotita são os sulfetos de ferro mais reativos, enquanto a pirita e a
arsenopirita são praticamente insolúveis durante a cianetação. “Graças a Deus”!
Considerando a
freqüente associação do ouro com a pirita (inclusive o famoso “ouro invisível”)
esta baixa solubilidade em meio cianetado é um dos fatores determinantes para a
seletividade da cianetação. Muitos pesquisadores atribuem a baixa solubilidade
da pirita (que não é prevista na termodinâmica) à formação de uma camada
superficial passivadora, rica em oxigênio. É possível que esta camada oxidada
atue como uma barreira natural à oxidação do sulfeto. Fatores cinéticos seriam
outra explicação.
É importante
destacar que os óxidos de Fe(III), como a hematita e a goetita, são
praticamente insolúveis na cianetação, a despeito da extensa área de
estabilidade dos cianocomplexos de ferro prevista pelos diagramas Eh-pH.
A arsenopirita, o
realgar e o ouro-pigmento são sulfetos de arsênio de ocorrência
freqüente em minerais de ouro, entretanto todos apresentam baixa solubilidade
em meio cianetado.
De qualquer forma, é
pratica usual a utilização da aeração prévia e intensiva da polpa, seguida de
cianetação em condições de baixa alcalinidade. Isto tem um duplo objetivo :
trabalhar em
condições que reduzam a solubilidade dos sulfetos pela formação de uma camada
passivadora de óxido de ferro nos sulfetos mais solúveis e acelerar a oxidação
do sulfeto a tiossulfato e, finalmente, a sulfato, diminuindo a formação de
tiocianato.
As dificuldades
encontradas na prática industrial na lixiviação de ouro associado à pirita e à
arsenopirita são determinadas, principalmente, pela granulometria muito fina do
ouro no mineral hospedeiro (incluindo o tal “ouro invisível” ) e não pela
interferência de compostos de arsênio e ferro solubilizados.
A presença de ouro
encapsulado e na forma de grãos muito finos exigirá uma moagem muito fina ou
mesmo uma etapa de oxidação sob pressão, bio-oxidação ou ustulação.
Na oxidação sob
pressão e na bio-oxidação, o As é descartado na forma de arsenato férrico. A
ustulação de minerais contendo arsenopirita é conduzida em dois estágios:
primeiro
A ustulação de
minerais contendo arsenopirita é conduzida em duas etapas:
- primeiro estágio é
realizado entre 450 e 650 oC e visa a remoção do arsênio na forma de
trióxido de arsênio gasoso;
- segundo estágio é
realizado entre 650 e 750 oC, no qual são formados a hematita e o
dióxido de enxofre gasoso.
O trióxido de
arsênio, resfriado e coletado na forma sólida deverá ser disposto em valas
preparadas, impermeabilizadas e monitoradas, já que este material é altamente
tóxico.
Minerais de ouro
contendo sulfetos de antimônio, como a estibinita, apresentam
comportamento semelhante aos que contem arsênio. Alguns produtos de oxidação,
tais como tioantimonitos (SbS33-) e tioantimonitos (SbS43-)
podem formar películas passivadoras sobre o ouro, causando uma redução
significativa da taxa de cianetação.
Minerais de cobre
na forma de sulfetos ou de minerais oxidados, são constituintes freqüentes dos
minérios de ouro. A malaquita (CuCO3), a cuprita (Cu2O),
a calcocita (Cu2S), a bornita (Cu5FeS4) bem
como o cobre nativo são prontamente solúveis em soluções cianetadas.
Algumas exceções são
a crisocola (CuSiO3) e a calcopirita (CuFeS2), que é o
menos solúvel dentre estes. Nas condições típicas da cianetação, o principal
complexo formado é o [Cu(CN) 3]2- e a relação 3CN/1Cu
indica a extensão do consumo de cianeto causado por pequenos teores de cobre
solúvel no mineral de ouro.
Nestes casos, uma
razão mínima de CN/Cu = 4 é recomendada. Entretanto, quando a concentração de
cobre for muito elevada, a viabilidade do projeto pode ficar comprometida
devido ao alto consumo de cianeto exigido.
Há algumas
abordagens propostas: remoção prévia do cobre via dissolução seletiva
(pré-lixiviação ácida); complexação/precipitação do cobre via cianetação
amoniacal; recuperação do cianeto consumido via processo AVR e suas variações.
Observar que O cobre
passa “incólume” por todos os estágios de extração do ouro, estando presente
até mesmo no bullion (ou doré).
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