a origem das cores naturais verde, violeta, alaranjada, branca, cinza e preta em diamantes.
Verde
Os diamantes de cor verde lapidados são
muito raros e, geralmente, apresentam tons suaves com um componente
modificador marrom, amarelo ou azul. Por outro lado, os espécimes brutos com
um finíssimo recobrimento superficial verde, usualmente de óxido de cromo,
são mais frequentes, inclusive no Brasil, onde são encontrados principalmente
na região de Diamantina, em Minas Gerais.
A cor verde interna em diamantes
deve-se a diversas causas, sendo a mais importante delas a irradiação
natural. Acredita-se que esta provenha de minerais radioativos presentes no
kimberlito (rocha-matriz do diamante) próximo à superfície ou mesmo de águas
radioativas que percolem o corpo kimberlítico. É o caso dos diamantes de boa
parte do Tapajós.
O mais famoso diamante verde conhecido é o
Dresden, que se encontra atualmente em um museu na Alemanha, na cidade
do mesmo nome. A gema apresenta forma de gota, pesa 41 ct e seu local de
origem é objeto de intensa polêmica, sendo a Índia ou o Brasil a mais
provável fonte.
Há diamantes verdes tratados pelo menos
desde a década de 40 e a maior parte dos vistos atualmente no mercado foram
submetidos ao processo de altas pressões e temperaturas (HPHT), realizado em
vários países, sobretudo nos EUA, Rússia e Suécia. Estas pedras têm coloração
verde amarelada e são obtidos a partir de exemplares originalmente marrons,
do tipo Ia. Embora determinadas propriedades gemológicas, tais como a elevada
saturação da cor, a presença de graining e fraturas de tensão e a
fluorescência verde amarelada gredosa sob UVC e UVL sugiram uma indução da
cor pela mencionada técnica, a identificação irrefutável requer ensaios mais
sofisticados, tais como espectroscopia de infravermelho e espectroscopia
visível de baixa temperatura.
Violeta
Os diamantes violetas procedem quase
exclusivamente da jazida de Argyle, na Austrália, e adicionalmente apresentam
uma nuança acinzentada. Embora quase nada se saiba a respeito dos mecanismos
que originem tal cor em escala atômica, há evidências de que esteja associada
à presença do elemento hidrogênio.
Alaranjada
A cor alaranjada pura, sem qualquer componente
modificador é, provavelmente, a mais rara dentre todas as cores em diamantes,
até mais que a vermelha ou a verde. A origem desta cor segue sendo um
mistério, embora se saiba que um centro desconhecido provoca o aparecimento
de uma banda de absorção na região azul do espectro visível, centrada em 480
nanômetros (unidade de medida dos comprimentos das ondas luminosas, de
abreviatura nm), o que dá lugar à cor complementar desta, a alaranjada.
Branca
Embora nas práticas comerciais seja comum
referir-se equivocadamente a diamantes brancos quando se pretende descrever
pedras aproximadamente incolores, esta cor de fato existe neste mineral.
Acredita-se que os comprimentos de onda que compõem a luz branca são enviados
por diminutas inclusões em todas as direções e em cada uma delas sejam
recombinados para dar lugar à luz branca, conferindo ao diamante um aspecto
leitoso ou opalescente.
Cinza
A cor cinza em diamantes é mais uma das quais a
origem não está ainda esclarecida, embora hajam evidências de que esteja
associada a defeitos relacionados à presença de hidrogênio. Em diamantes
ricos neste elemento, a absorção da luz ocorre com igual intensidade em todos
os comprimentos de onda do espectro visível, o que resulta em uma coloração
acinzentada.
Preta
Os diamantes pretos, entre os quais o mais famoso
representante é o russo Orlof, tornaram-se mais populares a partir dos anos
90 e devem sua cor à presença de uma grande quantidade de diminutas inclusões
escuras, em forma de plaquetas, que se acredita serem majoritariamente do
mineral grafita. Em alguns casos, estas inclusões são tão numerosas que
dificultam o polimento do exemplar, o que influi, evidentemente, no aspecto
final da gema.
A cor preta - ou melhor, uma cor verde-azul que,
por muitíssimo saturada, nos transmite a sensação de preta - também pode ser
obtida artificialmente por tratamento, mediante intensa irradiação com
nêutrons em diamantes facetados, sobretudo aqueles com graus de pureza muito
baixos.
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*Luiz Antônio Gomes da Silveira é gemólogo pós-graduado pela Universidade de Barcelona (1988), pela
Associação Alemã de Gemologia (Deutschen Gemmologishen Gesellschaft) e pela
Associação e Laboratório de Ensaios de Gemas da Grã-Bretanha (Gemmological
Association and Gem Testing Laboratory of Great Britain). Engenheiro de Minas
(UFMG/1985), é credenciado pela Secretaria da Receita Federal, Responsável
Técnico pelo Gem Lab - Gemologia e Engenharia Mineral e ex-Instrutor de
Cursos de Gemologia e Diamante na Ajomig/Sindijóias.
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