terça-feira, 21 de outubro de 2014
Estórias fantásticas ou fantasiosas? Ou a necessidade de sonhar
O Tapajós e outras regiões da
Amazônia produzem estórias maravilhosas de riquezas míticas, de americanos,
ingleses, franceses, padres ou mesmo velhos garimpeiros que no passado tiraram
muito ouro ou diamantes e tiveram que abandonar a lavra de repente por motivos
alheios as suas vontades e deixaram os tesouros no local. Há sempre
testemunhas, que participaram como carregadores, mecânicos, barqueiros e hoje
já envelhecidos contam e vendem essas estórias maravilhosas para quem quiser
ouvir e pagar as diárias para ir mostrar os locais e os buracos antigos
alagados. Alguns fazem até parte do roteiro turístico da cidade, guardam
objetos, mapas e fotos amareladas como provas e são apoiados pela comunidade
com ícones da sua história.
Ninguém imagina que aconteceu o que todos já experimentaram no garimpo.
A mancha do ouro ou dos diamantes acabou de repente!
Não pensam que essas estórias
maravilhosas são o produto de mentirosos e que quem as escutem e gasta para saber
mais é inocente ingênuo. Quem fala realmente acredita nas estórias porque as
repassou e aumentou com o tempo e acredita nelas. Não estão mentindo, a não ser
a si mesmo.
Quem as escutam e vai atrás, às
vezes gastando milhões, precisa acreditar como uma fé em si própria e não quer ouvir
a razão ou ler os relatórios negativos já produzidos por outras equipes
anteriores, sempre consideradas incompetentes ou o fracasso explicado por falta
de dinheiro, brigas, intervenções do IBAMA, PF ou mortes por não ter continuado
os trabalhos.
Queremos acreditar, afinal, que
pelo menos uma dessas muitas estórias fantásticas não seja uma estória fantasiosa,
porque mesmo se fosse fantasiosa não deixa de ser bonita e todos nós precisamos
sonhar.
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