domingo, 8 de fevereiro de 2015

Tais as pérolas, os diamantes também podem ser culltivados

Através de alguns artigos, iremos mostrar como os diamantes cultivados ou sintéticos podem ser criados, como diferencia-los dos naturais e não se deixar enganar comprando um sintético por um natural (ambos são verdadeiros, a diferença é a origem)

Produzidas em laboratório, as gemas sintéticas podem não ter a mística das pedras que enfeitam rainhas e atrizes de Hollywood. Um diamante verdadeiro passou bilhões de anos debaixo da terra até se formar. Mas as pedras sintéticas têm uma vantagem, fundamental para quem - como Holly Golightly - não tem cacife necessário para comprar um diamante de verdade: são mais baratas. Talvez seja melhor dizer que são "menos caras".
Já faz tempo que os cientistas tentam sintetizar pedras idênticas às naturais. Mas as imitações que existiam, feitas de zircônia cúbica e moissanita, eram facilmente identificáveis - entre outros motivos, porque tinham brilho diferente. Para uso industrial, em equipamentos de dentistas ou para perfuração de poços, as imitações eram aceitáveis. Mas as grandes joalherias nunca deram lugar às pedras feitas pelo homem: a qualidade e a beleza dos diamantes naturais sempre foram consideradas insuperáveis. Da década de 70 para cá, no entanto, as técnicas de fabricação em laboratório foram se apurando. Hoje, uma pedra sintética pode ser mais perfeita que a natural: ao contrário das gemas encontradas em minas, as artificiais não têm defeitos.
Atualmente, a líder na produção de gemas sintéticas é a empresa Gemesis, fundada em 1995 pelo americano Carter Clarke. Utilizando um equipamento russo que imita as condições naturais em que os diamantes se formam na natureza, Clarke passou oito anos aprimorando a fabricação em laboratório. Hoje, a Gemesis produz pedras coloridas idênticas às naturais. Os diamantes amarelos e alaranjados da marca são feitos um a um, a partir de um processo que consiste em colocar discos de diamante do tamanho de um botão de camisa em uma câmara que contém carbono, sob pressão e temperatura controladas. Os diamantes formam-se molécula por molécula, camada por camada, à semelhança do que acontece na natureza (leia o quadro abaixo). A diferença é que a gema sintética fica pronta em quatro dias, sem necessidade de escavação.
"É um diamante, em termos químicos, físicos e ópticos", disse a ÉPOCA Stephen Lux, presidente da Gemesis. "A única diferença é a origem." Ele chama suas pedras de diamantes cultivados. A qualidade é reconhecida pelo Instituto de Gemologia da América (GIA), que desde o início deste ano passou a classificar diamantes sintéticos de várias empresas, usando os mesmos critérios de avaliação das gemas naturais. Para aumentar a transparência sobre a origem das gemas, o GIA vai gravar nos diamantes sintéticos, em letras microscópicas, a classificação "laboratory grown" (produzido em laboratório).
Não se sabe ainda se essa diferenciação oficial vai afastar os compradores. A Tiffany já se pronunciou contrária às jóias sintéticas. Afirmou que sua clientela prefere pedras naturais. Diante disso, a Gemesis diz que seu objetivo não é substituir os diamantes que vêm da terra: a idéia é aumentar o tamanho do mercado, alcançando novos consumidores. "Não nos vemos como concorrentes, e sim como uma ampliação da indústria do diamante", diz Lux.
A diferença de preço é a grande arma dos produtores de gemas sintéticas. Segundo Lux, um diamante colorido natural de 1 quilate pode custar US$ 25 mil, enquanto uma jóia de mesmo tamanho e cor feita pela Gemesis sai por um terço desse valor. Outro chamariz é a variedade de formas e tamanhos. Enquanto a mineração depende da sorte para encontrar pedras de alto valor comercial, as gemas de laboratório chegam a ter 3 quilates quando brutas. Por outro lado, o volume de diamantes sintéticos produzidos para joalherias é insignificante em comparação ao encontrado nas minas - pelo menos por enquanto. E a indústria de pedras cultivadas ainda perde quando o assunto são diamantes brancos. "Diamantes incolores já foram sintetizados, mas não com o mesmo tamanho e qualidade dos naturais", diz Jim Shigley, diretor de pesquisa do GIA.
As fontes naturais de diamantes mais exploradas do mundo ficam no sul do continente africano. O centenário grupo De Beers, com sede em Londres, é dono de 20 minas naquela região - e tenta se proteger contra o avanço dos sintéticos. Será que o aval oficial do Instituto de Gemologia da América para os diamantes de laboratório vai ameaçar o poderio das mineradoras que trabalham com gemas naturais? Empresas como a De Beers apelam para o glamour e o dinheiro que cercam os diamantes saídos da natureza, numa tentativa de manter a dianteira num mercado que movimenta mais de US$ 100 bilhões por ano. Em entrevista ao The Wall Street Journal, Lynette Gould, porta-voz da De Beers, afirmou: "Os sintéticos não terão o apelo emocional nem o valor financeiro dos diamantes (naturais), pois esse valor é indissociável do modo como foram formados bilhões de anos atrás". Infelizmente para a De Beers, não cabe a ela definir a preferência do freguês. Quem vai decidir a disputa serão as Hollies Golightlies do século XXI.

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