segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Terremotos: desastre na escala humana, benfeito na escala geológica
Terremotos deram origem a mais de 80%
dos depósitos de ouro do planeta; rápida despressurização em falhas geológicas
provoca o acúmulo do metal
Ouro: de acordo com pesquisadores, falhas geológicas
ativas podem produzir 100 toneladas do metal em menos de 100.000 anos
(Thinkstock/VEJA)
Mais de 80% dos depósitos de ouro do mundo se formaram a
partir de terremotos. Um estudo desenvolvido por pesquisadores australianos
mostra que o precioso metal se forma em virtude da despressurização rápida de
fluidos ricos em minerais presentes no interior da crosta terrestre, provocada
pelos abalos sísmicos. A pesquisa foi publicada neste domingo, na revista Nature Geoscience.
Conheça a pesquisa
ONDE FOI
DIVULGADA: revista Nature Geoscience
QUEM FEZ: Dion K. Weatherley e Richard W. Henley
INSTITUIÇÃO: Universidade de
Queensland, Austrália
RESULTADO: A ampla despressurização
causada por terremotos faz com que fluidos ricos em minerais 'presos' nas
cavidades de falhas geológicas, no interior da crosta terrestre, vaporizem-se
instantaneamente, formando um vapor de baixa densidade. Dessa forma, eles
deixam as partículas minerais para trás, que se acumulam ao longo dos anos e
dos diversos abalos sísmicos.
Em profundidades que variam de 5 a 30 quilômetros,
fluidos com diversas substâncias dissolvidas, como ouro e minerais, presentes
nas cavidades de falhas geológicas da crosta terrestre são submetidos a
temperatura e pressão elevadas. Terremotos nessas regiões podem causar uma
queda de pressão tão grande que faz com que esses líquidos se vaporizem
instantaneamente.
Queda de pressão – De acordo com os pesquisadores, a pressão pode cair de
3.000 vezes a pressão atmosférica para uma pressão quase idêntica à da
superfície da Terra, o que faz com que o fluido passe por um processo de
"vaporização instantânea”. A despressurização faz com que os fluidos
sofram uma expansão de até 130.000 vezes seu tamanho, formando um vapor de
baixa densidade.
Quando isso ocorre, os resíduos sólidos presentes no
fluido, como o ouro, ficam para trás, acumulando-se ao longo do tempo. Mais
tarde, a entrada de novos fluidos nas cavidades pode dissolver alguns dos
minerais deixados para trás, mas aqueles menos solúveis, como o ouro, vão se
acumulando cada vez mais à medida que novos terremotos ocorrem.
Os autores do estudo estimam que falhas geológicas ativas
podem produzir 100 toneladas de ouro em menos de 100.000 anos.
A ideia com que depósitos de ouro se formam a partir de
fluidos ricos em minerais em falhas nas rochas abaixo do solo já era conhecida
dos geólogos, mas a maneira como o ouro se acumula não estava clara, pois não
se supunha que as mudanças de pressão desencadeadas por terremotos fossem tão
grandes quanto as estimadas no estudo.
Enviado por Fernando Lemos
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