terça-feira, 3 de março de 2015

Na mineração, é o tempo que é o senhor da verdade

A indústria mineral sendo de longa maturação, ideias preconcebidas aparentemente lógicas, mas sem embasamento técnico e inteligência acabam com o tempo rimando com estupidez.

Artigo enviado por Fernando Lemos

O melhor exemplo é o de https://blu176.mail.live.com/ol/clear.gifhttps://blu176.mail.live.com/ol/clear.gifWalter Link que merece uma retratação PUBLICA do mesmo tamanho e intensidade DAS MENTIRAS E INFÂMIAS que o alvejaram. Mas como estupidez rima também com desonestidade intelectual, não haverá.


Relatório Link foi o nome dado pela imprensa brasileira da época a uma série de quatro cartas, três delas de 1960 e a quarta delas de 1961, que foram escritas pelo geólogo americano Walter K. Link. Como alto funcionário da Petrobrás e contratado pelo general Juracy Magalhães, o geólogo americano fez uma série de pesquisas e considerações sobre geologia do petróleo no Brasil. Houve atritos com o presidente Juscelino e com Janary Nunes, presidente da Petrobras. Essas autoridades brasileiras queriam investir na Amazônia como região petrolífera, o que o geólogo desaconselhava comparando os altos gastos de prospecção com o tamanho insuficiente da empresa. Recomendava o aumento dos investimentos na Bahia e em Sergipe, incluindo a plataforma continental. Depois de deixar o Brasil sob críticas, foi redimido por Jesus Soares Pereira e deu entrevista a Lucas Mendes, quando fez questão de enfatizar que suas sondagens limitaram-se à terra, sendo que a pesquisa marítima estava ainda no início, começando a ser utilizada no Golfo do México. Em relação às pesquisas submarinas, estivera na boca do Rio Paraíba e não considerara o material coletado promissor. Sugeriu pesquisas emAbrolhos, mas não sabia se havia sido atendido
.
Conselhos do geólogo americano em 1960 e 1961
  1. As bacias terrestres brasileiras paleozoicas como MarajóAcre, Baixo Amazonas, Médio Amazonas, Paraná e Parnaíba não tinham possibilidades petrolíferas mostradas. Elas deviam ser descartadas para novas perfurações, pelo menos por algum tempo.
  2. O mar, e não a terra, é que seria a nova fonte de petróleo e gás natural do Brasil, no futuro.
  3. Petrobrás devia investir na prospecção e produção no exterior, desde que houvesse boas condições políticas e geológicas.
  4. A bacia terrestre de Sergipe devia ser prospectada nos anos seguintes de 1961 em diante.
  5. Dentre todas as bacias paleozoicas brasileiras, apenas a bacia do Alto Amazonas devia ser prospectada com mais afinco, após aperfeiçoamentos na geofísica. Esta tinha mostrado uma única camada de rochas geradoras de petróleo.
Críticas ao relatório Link
A imprensa, principalmente a de esquerda da época, criticou com as palavras mais duras, as conclusões do eminente geólogo americano Walter Link. Disseram que ele era um espião americano e coisas do gênero. A imprensa da época, inclusive, criou o termo "linkista" para designar quem seguisse as idéias de Walter Link sobre o petróleo no Brasil.
Efeitos destas críticas
De 1961 a 1964, a Petrobrás foi colocada a fazer inúmeras perfurações, em áreas que Mr. Link havia colocado como não apropriadas, para novas perfurações. Numa época em que um carro novo barato custava menos de US$1 mil e o Brasil produzia menos de 150 mil veículos por ano, a Petrobrás gastou centenas de milhões de dólares em perfurações que nunca produziram petróleo comercial; eram mais para agradar à mídia. Com o Brasil falido e em terrível crise cambial, o regime militar adotou as providências de Mr. Link, a partir de 1964. As perfurações marítimas, que Link pedira antes de 1961, só começaram em 1968. Logo no segundo poço perfurado no mar, o petróleo apareceu. Entre março de 1960 e março 1964, a produção de petróleo do Brasil caiu, e, entre março de 1964 e 1969, esta produção mais que dobrou.
O relatório Link, quase 50 anos depois
Passados quase 50 anos e muitas perfurações depois, o relatório Link mostrou-se correto, em todas as suas conclusões:
1-As bacias de Marajó, Acre, Baixo Amazonas, Médio Amazonas, Parnaíba e Paraná nunca tiveram uma só descoberta comercial de petróleo. Entre 1960 e 1964, pressionada por políticos ditos de esquerda(1),(2) e a imprensa(1),(2), a Petrobrás fez centenas de perfurações nestas bacias sedimentares terrestres(1)(2). E nada que tenha a ver com petróleo ou gás natural foi encontrado nelas(1)(2). Sob Paulo Maluf, a Paulipetro fez dúzias de perfurações na bacia do Paraná. Nenhuma descoberta. Em 1988, o então presidente José Sarney foi para a televisão anunciar grandes descobertas de petróleo na ilha deMarajó. Nenhuma gota deste petróleo jamais apareceu. O que mais a imprensa da época criticou nas cartas de Link foi a conclusão de que as bacias paleozóicas brasileiras eram desanimadoras para prospecção de petróleo e gás natural, conclusão esta que se mostrou corretíssima.
2-Em 1968,a Petrobrás resolveu aplicar o conselho dado pelo americano Link e iniciar as perfurações no mar. Logo na segunda tentativa encontrou-se petróleo na costa de Sergipe. Em 1981, havia mais produção de petróleo brasileiro no mar, que em terra. Hoje mais de 85% da produção e mais de 95% das reservas brasileiras de petróleo são marítimas.
3-Os investimentos de petróleo no exterior da Petrobrás hoje produzem mais que todos os poços terrestres do Brasil juntos.
4-Seguindo os ensinamento de Link, a Petrobrás descobriu, em 1963, o primeiro campo gigante do Brasil; exatamente em Sergipe. Era o campo de Carmópolis.
5-Em 1978, com a geofísica melhor, a Petrobrás achou petróleo na bacia do Alto Amazonas. Hoje esta é a área terrestre de maior produção de petróleo e gás natural do Brasil. Ainda assim, nem 5% do petróleo brasileiro vem desta bacia, que é a única bacia paleosóica do Brasil que produz ou já produziu petróleo comercialmente.
Relatório Link versus o petróleo do Brasil hoje
O núcleo do Relatório Link foi o dito de que as bacias sedimentares paleosóicas brasileiras, gigantes que eram e são, não eram boas possibilidades para se perfurar em busca de petróleo. Apenas a bacia do Alto Solimões ganhou um "C", por conta de uma pequena zona de rochas geradoras. Todas as outras ganharam a classificação "D", sendo consideradas de pouco interesse exploratório. Vamos ver quantas descobertas comerciais de petróleo foram feitas em todas estas bacias, desde então e por sinal, em todos os tempos:
A-Marajó >Zero.
 B-Baixo Amazonas > Zero.
 C-Acre >Zero.
 D-Parnaíba ou Maranhão > Zero.
 E-Barreirinhas > Zero.
 F-Paraná > Zero.
 G-Médio Amazonas > Zero.
Pelos dados, nota-se o acerto dos sábios conselhos de Link. Então presidente da Petrobrás, o general Juracy Magalhães fez uma série de elogios ao geólogo americano Walter K. Link.
Durante 40 anos o Walter Link foi caluniado, achincalhado, vilipendiado em todos os tons e maneiras, em rádios, jornais, televisões, revistas e assembleias ditas nacionalistas.
Quando é para reconhecer seus méritos técnicos, e como cidadão, as coisas ocorrem em surdina, ditas apenas em ambientes fechados.
Recordo a história do Lacerda ( deputado federal pela Guanabara) com  o Magalhães Pinto ( deputado federal por minas), o Lacerda na tribuna, com sua oratória brilhante e corrosiva, desancou o Magalhães. No outro dia Lacerda foi ao gabinete de Magalhães e falando baixo e educadamente, pediu que Magalhães relevasse seu pronunciamento agressivo, que foi coisa de momento de empolgação. Magalhães com sua MINEIRICE disse: Tudo bem Carlos, vamos esquecer, porém, DA PRÓXIMA VEZ, ESCULHAMBA AQUI SÓ NÓS DOIS, E PEDE DESCULPA NA TRIBUNA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! NO PLENÁRIO.
Lembro que no livro de memória de Juracy Magalhães (primeiro presidente da Petrobrás) O ÚLTIMO TENENTE, de pequena tiragem, ele defende o Walter Link, como excelente profissional, e pessoa íntegra. E diz que nunca houve o propalado relatório Link, e sim três cartas escritas pelo ótimo geólogo de petróleo, com sugestões (que o tempo, senhor da verdade, se encarregou de mostrar, que ele tinha razão).


Abaixo trecho do livro, Petróleo em águas profundas
Petróleo em águas profundas
Uma história tecnológica da PETROBRAS na exploração e produção offshore
 Walter Link redigiu, em 1960, um relatório defendendo suas convicções de que não existiam grandes acumulações de petróleo nas seções terrestres das bacias sedimentares do Brasil, e sugeriu a realização de explorações na plataforma marítima e em outros países com condições mais favoráveis.49 Suas conclusões sobre a inviabilidade de se encontrar petróleo em terra foram objeto de varias contestações por parte de técnicos e autoridades da área do petróleo e por partidos políticos, que ocuparam grandes espaços na imprensa. “As conclusões do relatório vinham atingir frontalmente um dos maiores mitos nacionalistas – a abundancia de petróleo no Pais”, e aumentaram as duvidas sobre a condução que estava sendo dada a política exploratória (Dias e Quaglino (1993, cap. 5). Apos o episodio, a PETROBRAS determinou a avaliação do Relatório Link pelo geólogo Pedro de Moura e o engenheiro Decio Odone, que sugeriram concentrar as perfurações em determinadas regiões e bacias, notadamente na Bahia, Sergipe-Alagoas e Barreirinhas/Maranhão, ao contrario da estratégia que Link adotara de explorar em diversas regiões ao mesmo tempo. Muitos anos depois, Assayag (2005) ponderou que a sugestão de Link sobre as maiores possibilidades de encontrar petróleo no mar acabaram por se mostrar corretas. 50
49. Conforme Moura e Carneiro (1976, p. 317): “Perfurada perto de uma centena de poços, sem obtenção de anticlinais
ou estruturas propícias para acumulação de petróleo na Amazônia, o Superintendente do Depex, depois de ouvir
geólogos estrangeiros e seis brasileiros sobre a avaliação das diferentes bacias cedeu ao pessimismo, condensado no
chocante “Relatório Link” ... com um balanço de seis anos de exploração, e um balaço, de ricochete, nas aspirações
nacionais ao abastecimento interno de petróleo.” Walter Link pediu demissão da PETROBRAS em meados do ano de
1961,”amargurado com as criticas, por vezes irrefletidas, ao seu trabalho” (Dias e Quaglino, 1993, p. 119).
50. Antes de deixar a PETROBRAS, em 1961, Walter Link previu no orçamento de investimentos a realização de levantamentos sísmicos no mar, que, contudo, somente foram postos em prática em 1967-1968 (Dias e Quaglino, 1993, nota 12, cap. 5, p. 139). O petróleo na Amazônia somente foi encontrado em 1986, na província do Urucu, Bacia do Solimões. Como explicou o geofísico João Carlos Ribeiro Cruz, da Universidade do Pará, a complexidade geológica da área e a má qualidade das respostas sísmicas tornam problemático o mapeamento das rochas-reservatório de petróleo na bacia amazônica: “Por serem antigas, essas Bacias [do Solimões e do Amazonas] contêm rochas muito duras, que aumentam o tempo e o custo de perfuração de poços. O estudo geofísico é prejudicado pela alta velocidade das ondas nessas rochas antigas e pela presença de rochas vulcânicas intercaladas nelas, o que reduz a qualidade sísmica e cria falsas estruturas geológicas” (ComCiência – Petróleo, 2002a). Sobre carências tecnológicas no conhecimento geofísico da Amazônia, ver Dias e Quaglino (1993, cap. 5).


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