A indústria mineral sendo de longa maturação, ideias preconcebidas aparentemente
lógicas, mas sem embasamento técnico e inteligência acabam com o tempo rimando com estupidez.
Artigo enviado por Fernando Lemos
O
melhor exemplo é o de Walter
Link que merece uma retratação PUBLICA do mesmo tamanho e intensidade DAS
MENTIRAS E INFÂMIAS que o alvejaram. Mas como estupidez rima também com
desonestidade intelectual, não haverá.
Relatório Link foi
o nome dado pela imprensa brasileira da época a uma série de quatro cartas,
três delas de 1960 e a quarta delas de 1961, que foram escritas pelo geólogo
americano Walter
K. Link. Como alto funcionário da Petrobrás e
contratado pelo general Juracy Magalhães, o geólogo americano fez uma série de pesquisas e
considerações sobre geologia do petróleo no Brasil.
Houve atritos com o presidente Juscelino e com Janary Nunes, presidente da Petrobras. Essas autoridades
brasileiras queriam investir na Amazônia como região petrolífera, o que o
geólogo desaconselhava comparando os altos gastos de prospecção com o tamanho
insuficiente da empresa. Recomendava o aumento dos investimentos na Bahia e em
Sergipe, incluindo a plataforma
continental. Depois de deixar o Brasil sob críticas, foi
redimido por Jesus
Soares Pereira e deu entrevista a Lucas Mendes,
quando fez questão de enfatizar que suas sondagens limitaram-se à terra, sendo
que a pesquisa marítima estava ainda no início, começando a ser utilizada
no Golfo do México. Em relação às pesquisas submarinas, estivera na
boca do Rio Paraíba e não considerara o material coletado
promissor. Sugeriu pesquisas emAbrolhos,
mas não sabia se havia sido atendido
.
Conselhos do geólogo americano em 1960 e 1961
- As bacias terrestres brasileiras paleozoicas como Marajó, Acre, Baixo
Amazonas, Médio Amazonas, Paraná e Parnaíba não
tinham possibilidades petrolíferas mostradas. Elas deviam ser descartadas
para novas perfurações, pelo menos por algum tempo.
- O mar, e não a terra, é que seria a nova fonte de petróleo e gás
natural do Brasil, no futuro.
- A Petrobrás devia
investir na prospecção e produção no exterior, desde que houvesse boas
condições políticas e geológicas.
- A bacia terrestre de Sergipe devia
ser prospectada nos anos seguintes de 1961 em diante.
- Dentre todas as bacias paleozoicas brasileiras, apenas a bacia do
Alto Amazonas devia ser prospectada com mais afinco, após aperfeiçoamentos
na geofísica. Esta tinha mostrado uma única camada de rochas geradoras de
petróleo.
Críticas ao relatório Link
A imprensa, principalmente a de esquerda da época,
criticou com as palavras mais duras, as conclusões do eminente geólogo
americano Walter Link. Disseram que ele era um espião americano e coisas do
gênero. A imprensa da época, inclusive, criou o termo "linkista" para
designar quem seguisse as idéias de Walter Link sobre o petróleo no Brasil.
Efeitos destas críticas
De 1961 a 1964, a Petrobrás foi colocada a fazer
inúmeras perfurações, em áreas que Mr. Link havia colocado como não
apropriadas, para novas perfurações. Numa época em que um carro novo barato
custava menos de US$1 mil e o Brasil produzia menos de 150 mil veículos por
ano, a Petrobrás gastou centenas de milhões de dólares em perfurações que nunca
produziram petróleo comercial; eram mais para agradar à mídia. Com o Brasil
falido e em terrível crise cambial, o regime militar adotou as providências de
Mr. Link, a partir de 1964. As perfurações marítimas, que Link pedira antes de
1961, só começaram em 1968. Logo no segundo poço perfurado no mar, o petróleo
apareceu. Entre março de 1960 e março 1964, a produção de petróleo do Brasil
caiu, e, entre março de 1964 e 1969, esta produção mais que dobrou.
O relatório Link, quase 50 anos depois
Passados quase 50 anos e muitas perfurações depois,
o relatório Link mostrou-se correto, em todas as suas conclusões:
1-As bacias de Marajó, Acre, Baixo Amazonas, Médio
Amazonas, Parnaíba e Paraná nunca tiveram uma só descoberta comercial de
petróleo. Entre 1960 e 1964, pressionada por políticos ditos de esquerda(1),(2)
e a imprensa(1),(2), a Petrobrás fez centenas de perfurações nestas bacias
sedimentares terrestres(1)(2). E nada que tenha a ver com petróleo ou gás
natural foi encontrado nelas(1)(2). Sob Paulo Maluf,
a Paulipetro fez
dúzias de perfurações na bacia do Paraná. Nenhuma descoberta. Em 1988, o então
presidente José Sarney foi para a televisão anunciar grandes
descobertas de petróleo na ilha deMarajó. Nenhuma gota deste petróleo jamais
apareceu. O que mais a imprensa da época criticou nas cartas
de Link foi a conclusão de que as bacias paleozóicas brasileiras eram
desanimadoras para prospecção de petróleo e gás natural, conclusão esta que se
mostrou corretíssima.
2-Em 1968,a Petrobrás resolveu aplicar o conselho dado pelo americano Link e
iniciar as perfurações no mar. Logo na
segunda tentativa encontrou-se petróleo na costa de Sergipe. Em 1981, havia
mais produção de petróleo brasileiro no mar, que em terra. Hoje mais de 85% da
produção e mais de 95% das reservas brasileiras de petróleo são marítimas.
3-Os investimentos de
petróleo no exterior da Petrobrás hoje produzem mais que todos os poços
terrestres do Brasil juntos.
4-Seguindo os ensinamento de Link, a Petrobrás
descobriu, em 1963, o primeiro campo gigante do Brasil; exatamente em Sergipe. Era o campo de
Carmópolis.
5-Em 1978, com a geofísica melhor, a Petrobrás
achou petróleo na bacia do Alto Amazonas. Hoje esta é a área terrestre de maior
produção de petróleo e gás natural do Brasil. Ainda assim, nem 5% do petróleo
brasileiro vem desta bacia, que é a única bacia paleosóica do Brasil que produz
ou já produziu petróleo comercialmente.
Relatório Link versus o petróleo do Brasil hoje
O núcleo do Relatório Link foi o dito de que as
bacias sedimentares paleosóicas brasileiras, gigantes que eram e são, não eram
boas possibilidades para se perfurar em busca de petróleo. Apenas a bacia do
Alto Solimões ganhou um "C", por conta de uma pequena zona de rochas
geradoras. Todas as outras ganharam a classificação "D", sendo
consideradas de pouco interesse exploratório. Vamos ver quantas
descobertas comerciais de petróleo foram feitas em todas estas bacias, desde
então e por sinal, em todos os tempos:
A-Marajó >Zero.
B-Baixo Amazonas > Zero.
C-Acre >Zero.
D-Parnaíba ou Maranhão > Zero.
E-Barreirinhas > Zero.
F-Paraná > Zero.
G-Médio Amazonas > Zero.
Pelos dados, nota-se o acerto dos sábios conselhos
de Link. Então presidente da Petrobrás, o general Juracy Magalhães fez uma
série de elogios ao geólogo americano Walter K. Link.
Durante 40 anos o Walter Link foi caluniado, achincalhado, vilipendiado
em todos os tons e maneiras, em rádios, jornais, televisões,
revistas e assembleias ditas nacionalistas.
Quando é para reconhecer seus méritos técnicos, e como
cidadão, as coisas ocorrem em surdina, ditas apenas em
ambientes fechados.
Recordo a história do Lacerda (
deputado federal pela Guanabara) com o Magalhães Pinto ( deputado federal
por minas), o Lacerda na tribuna, com sua oratória brilhante e corrosiva,
desancou o Magalhães. No outro dia Lacerda foi ao gabinete de Magalhães e
falando baixo e educadamente, pediu que Magalhães relevasse seu pronunciamento
agressivo, que foi coisa de momento de empolgação. Magalhães com sua MINEIRICE
disse: Tudo bem Carlos, vamos esquecer, porém, DA PRÓXIMA VEZ, ESCULHAMBA AQUI
SÓ NÓS DOIS, E PEDE DESCULPA NA TRIBUNA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! NO PLENÁRIO.
Lembro que no livro de memória de Juracy Magalhães (primeiro
presidente da Petrobrás) O ÚLTIMO TENENTE, de pequena
tiragem, ele defende o Walter Link, como excelente profissional, e pessoa
íntegra. E diz que nunca houve o propalado relatório Link, e sim três cartas escritas
pelo ótimo geólogo de petróleo, com sugestões (que o tempo, senhor da
verdade, se encarregou de mostrar, que ele tinha razão).
Abaixo trecho do livro, Petróleo em águas profundas
Petróleo em águas profundas
Uma história tecnológica da PETROBRAS na exploração e produção offshore
Walter Link redigiu, em 1960, um relatório defendendo suas convicções de que não existiam grandes acumulações de petróleo nas seções terrestres das bacias sedimentares do
Brasil, e sugeriu a realização de explorações na plataforma marítima e em outros países com condições mais favoráveis.49 Suas conclusões sobre a inviabilidade de se encontrar
petróleo em terra foram
objeto de varias contestações por parte de técnicos e autoridades da área do petróleo e por partidos políticos, que ocuparam grandes espaços na imprensa. “As conclusões do relatório vinham atingir frontalmente um
dos maiores mitos nacionalistas – a abundancia de petróleo no Pais”, e aumentaram as duvidas
sobre a condução que estava sendo
dada a política exploratória (Dias e Quaglino (1993, cap. 5).
Apos o episodio, a PETROBRAS determinou a avaliação do Relatório Link pelo geólogo Pedro de Moura e o engenheiro
Decio Odone, que sugeriram concentrar as perfurações em determinadas regiões e bacias, notadamente na Bahia,
Sergipe-Alagoas e Barreirinhas/Maranhão, ao contrario da estratégia que Link adotara de explorar em
diversas regiões ao mesmo tempo. Muitos anos depois,
Assayag (2005) ponderou que a sugestão de Link sobre as maiores possibilidades
de encontrar petróleo no mar acabaram por
se mostrar corretas. 50
49. Conforme Moura e Carneiro (1976, p. 317): “Perfurada perto de uma
centena de poços, sem obtenção de anticlinais
ou estruturas propícias para acumulação de petróleo na Amazônia, o
Superintendente do Depex, depois de ouvir
geólogos estrangeiros e seis brasileiros sobre a avaliação das
diferentes bacias cedeu ao pessimismo, condensado no
chocante “Relatório Link” ... com um balanço de seis anos de exploração,
e um balaço, de ricochete, nas aspirações
nacionais ao abastecimento interno de petróleo.” Walter Link pediu
demissão da PETROBRAS em meados do ano de
1961,”amargurado com as criticas, por vezes irrefletidas, ao seu trabalho”
(Dias e Quaglino, 1993, p. 119).
50. Antes de deixar a PETROBRAS, em 1961, Walter Link previu no
orçamento de investimentos a realização de levantamentos sísmicos no mar, que,
contudo, somente foram postos em prática em 1967-1968 (Dias e Quaglino, 1993,
nota 12, cap. 5, p. 139). O petróleo na Amazônia somente foi encontrado em
1986, na província do Urucu, Bacia do Solimões. Como explicou o geofísico João
Carlos Ribeiro Cruz, da Universidade do Pará, a complexidade geológica da área
e a má qualidade das respostas sísmicas tornam problemático o mapeamento das
rochas-reservatório de petróleo na bacia amazônica: “Por serem antigas, essas
Bacias [do Solimões e do Amazonas] contêm rochas muito duras, que aumentam o
tempo e o custo de perfuração de poços. O estudo geofísico é prejudicado pela
alta velocidade das ondas nessas rochas antigas e pela presença de rochas
vulcânicas intercaladas nelas, o que reduz a qualidade sísmica e cria falsas
estruturas geológicas” (ComCiência – Petróleo, 2002a). Sobre carências
tecnológicas no conhecimento geofísico da Amazônia, ver Dias e Quaglino (1993,
cap. 5).
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