quarta-feira, 17 de junho de 2015
Poços ou sondas na pesquisa do ouro na Amazônia
Esse poço da imagem aberto por garimpeiros é de Cachoeira do Piria no Para, a 270 km de Belém. Tem profundidade de 110 m e mais um plano inclinado. Esta aberto em grande parte dentro da rocha dura. Não pode ser considerado um modelo dos poços de garimpo que são geralmente menores, mas uma exceção, até um exagero se considerarmos que foi aberto em violação ao código de mineração brasileiro.
Poços e furos de sonda parecem duas coisas bem diferentes, pois normalmente poços só vão ate
dezenas de metros e sondas ate centenas, mas não é!
Na Amazônia existe sempre um saprolito ou rocha amolecida em estado de terra normalmente de 0 a 27 m e de 0 ate 100 m de profundidade em certos
casos, justamente quando há sulfetos e ouro, a rocha é mais alterada e o
saprolito vai muito mais fundo.
Quando uma empresa faz um furo de sonda, ela usa agua e
grande parte deste saprolito é eliminado na água que ajuda a resfriar a broca
da sonda. As partes mais alteradas, ou seja, mais ricas vão junto para o esgoto
e só ficam as partes mais resistentes e pobres no testemunho que será
analisado. Resultado: os teores de analises só mostram parte do ouro e os
cálculos de reserva que utilizam esses resultados mostrarão teores e volumes de
ouro menores que os reais nas partes superficiais, exatamente as lavráveis com menor custo.
Depois de a empresa sair por causa da queda das ações
provocadas por estas analises parciais, os garimpeiros entram e abram poços ao
redor e em cima dos furos de sonda da empresa e logo descobrem centenas de kg e
ate toneladas de ouro justamente neste saprolito de baixa profundidade, ou seja
a empresa perdeu a jazida por causa do método de pesquisa em sub-superficie que
ela usou.
Mas não basta trocar uma sonda por poços, pois há diversos
problemas, vantagens e inconvenientes que devem ser pesados caso a caso:
1-
Os poços são mais baratos, pois não necessitam o
transporte de equipamentos pesados por avião como no caso das sondas
2-
Os poços mostram o minério com as direções,
detalhes e características desde a superfície.
3-
Os poços permitem fazer amostras de maior volume
e representatividade
4-
Os poços permitem observar a geologia em baixa
profundidade
5-
A sondagem vai mais fundo
6-
A sondagem pode perder o minério por causa do
seu diâmetro limitado e a heterogeneidade de espessura dos corpos mineralizados
7-
A sondagem tem amostras perenizadas nas caixas
de testemunhos enquanto os poços podem desabar perdendo-se a memoria
8-
A sondagem tem mais credibilidade perante os investidores
nas bolsas canadenses
9-
A sondagem é mais facilmente fiscalizável pelos
técnicos do DNPM
Sugerimos utilizar primeiro os poços em baixo profundidade e
depois a sondagem em grande profundidade após conhecer melhor a geologia em
baixa profundidade
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