Esse poema do colega Roberto Assad foi escrito quando o "Alemã" ainda estava vivo
Enviado por Fernando Lemos
Ele mostra como a geologia era feita nos primórdios
DÉCIO
MEYER - JIM DAS SELVAS
Décio João
Keune Meyer: você é uma
exceção.
A selva
foi sua casa,
O minério
sua razão.
De bravura
sem fim,
Te conheci
mais de perto,
Idos anos
em Almeirim.
Era
difícil saber,
Onde a
coragem terminava,
E o Décio
começava.
E nessa
mistura, com o ânimo catalisador,
Surge “Alemão”- o desbravador!
Sumia na
selva, meses a fio,
Na busca
do minério sua paixão,
E com sua
equipe enfrentava,
Mil
perigos na ação.
Dias
subindo rios,
Com
cachoeiras perigosas,
Muitas
vezes o barco virava
E botavam
o “bruto” nas costas.
Só quem
viu sabe o que é:
Levar tudo
pela margem,
Sem motor,
tudo pifado
É preciso
ter coragem!
Não sei
quantas verdades,
Que já
ficaram para trás,
Lembra de
Almeirim?
Sua
equipe, sem igual, e seu grande capataz?
Em
sobrevôo rasante, sem porta no avião,
“Carlindo”
arremessava toda alimentação.
Raramente
ia um bolo, mas sempre fumo de rolo,
Para a
peãozada que te amava,
E te
queria de novo,
O volume
51 era a maior preocupação,
Pois nele
estava a cachaça
Alegria do
peão.
Me lembro
pela fonia,
Quanto para
queda perdido,
Na árvore
pendurado,
E nem por
isso ficava, Décio, mal humorado.
Resgatar
pára-quedas
Tinha como
missão corajoso caboclinho,
Que de
tanto subir em árvore,
Foi
apelidado Macaquinho.
Cagaste no
toco,
Pernilongo
te mamou,
Passou
aperto no mato,
Treze
malárias pegou.
Sobrevôos,
não sei quantos,
Com seus
pilotos doidões!
E você
sorria, safado,
Fazendo
anotações,
Olhando
pro chão muito perto,
E
desenhando os padrões.
Quantas
vezes dormiu,
Com rede
amarrada em pau,
Sem teto
para cobrir,
Uma
loucura total?
Lembra um
pedido a Belém, sem especificação?
Uma mesa
de ping-pong,
Para
distrair o peão,
E pra você
eles mandaram
Uma
mesinha ternura:
Tinha um
metro de comprimento,
E meio
metro de largura,
E você,
Alemão,
Tinha um
metro e noventa de altura!
E os
pintos, que confusão!
Quando
você pediu, de montão,
E com eles
uma porrada de ração,
A empresa
não permitiu tal solicitação.
Duas vezes
te acompanhei,
Em missão
de reconhecimento,
Mas não
fiz mais isso não,
Era muito
sofrimento.
Você me
amarrou um jamanxim na testa,
Como se
fora um jumento,
O
desgraçado pesava como diabo,
E ficava
pra trás um rabo,
Com um
metro de comprimento.
Eu subia
aquelas serras,
Em posição
de corcunda,
Pernilongo
me ferrando,
Na frente e
na minha bunda.
Você
gritava: Fuma e joga a fumaça,
Para
espantar o pernilongo,
Pra isso
que eu lhe entreguei,
Uma caixa
de porongo.
Escutei
uma história
Difícil de
acreditar,
Quando
você saiu da selva
E veio pro
Rio morar,
Que não se
acostumava
Com o modo
normal de cagar.
Colocou no
banheiro,
Um toco de
árvore pro evento,
Pois só
dessa maneira
Jorrava
seu excremento.
Sua equipe
descobriu, na Amazônia,
Muito
cobre e outros minerais,
Que a
história registrou,
E não
esquecerá jamais!
Foi pouco
reconhecido
Nessa
sociedade de otário,
Que só
aplaude outros feitos
Como os
gols do Romário,
Enquanto
outros gigantes,
Que
enriquecem o País,
Com o
sacrifício do corpo,
São vistos
como raiz,
Que,
escondidos, empurram
Com sua
força motriz,
O que gera
o fruto do povo,
Mas que
quase ninguém diz.
E aqui um
recado,
Pro mundo
mal informado,
É que você
trabalhou pra estatal,
Sofreu
tudo o que foi falado.
Foi para
multinacional,
Branco,
preto, homem, mulher,
Sem
distinção qualquer,
Velho,
moço ou viado,
Competência
e resultado,
Caso a
caso deve-se estudar,
Antes de
se malhar.
Parar de
sacanagem
Como o
Décio, trabalhar.
Aí o País
vai pra frente,
Saindo da
merda e brilhar.
Alem do
mais, trabalhando,
Se esquece
de roubar!
Décio, a
doença te pegou,
Você está
no hospital,
Mas, como
brilham os seus olhos,
Quando se
fala em mineral.
Você vai
sair dessa,
Geólogo
fenomenal!!!!
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