sexta-feira, 19 de junho de 2015
Uma voz contra a ditadura da burocracia dita ambiental
JOSÉ MARIA MENDONÇA
(Enviado por José Waterloo Lopes Leal)
O título e a imagem são de responsabilidade do JO
Não sei se para fugir de alguns problemas, ou à procura de outros, me
encontrei às margens do rio Guamá, pensando na Amazônia. Talvez tenha sido
motivado pela publicação em um de nossos jornais, sobre a opinião de um
climatologista, que, segundo ele, a Amazônia contribui com menos de 1% (um por
cento) das alterações climáticas mundiais, e que também não tem qualquer
influência sobre as chuvas do centro - oeste e sudeste brasileiro. É a palavra
de um estudioso sobre as mudanças climáticas do planeta terra. Afirmou, ainda,
que o clima do mundo depende 71% (setenta e um por cento) dos oceanos, ou seja,
a apologia sobre a influência da floresta amazônica no clima mundial é mínima,
desprezível. Temos que preservar as nossas florestas, já que fazem parte de
nossas vidas. O que já foi degradado é suficiente para desenvolvermos nossa
pecuária e nosso agronegócio.
Hoje, o estado do Pará tem 76% (setenta e seis por cento) de suas
florestas nativas preservadas, se construirmos todas as hidroelétricas
projetadas com lagos normais, corresponderia a menos de 3% (três por cento) de
nosso território e não haveria nenhuma alteração climática. Lembrei e reproduzo
algumas opiniões dadas por Samuel Benchimol, em 1992, em seu livro
"Amazônia - A guerra da Floresta", e por Armando Soares, em 2013, em
seu livro "Amazônia - Região de saque, discriminação, produto de troca e
vazio de poder". 1. "A burocracia ecológica, que assumiu o poder
neste País, tenta, por todos os meios, impedir que os povos da floresta e do
beirado usufruam os recursos naturais do meio ambiente e, pelo terrorismo
fiscal, destrói humildes homens e comunidades do interior" "Existem
exemplos dramáticos de injustiças como uma empresa plantadora de dendê, que foi
multada em um milhão de dólares, por tentar plantar dendê, embora tivesse seu
projeto aprovado; uma empresa laminadora de compensados em Itacoariara foi
multada (de helicóptero) em um milhão de dólares; uma destilaria de álcool no
Acre foi multada em idêntica quantia. Milhares de outras injustiças, todos os dias,
são cometidas no Estado do Pará, Roraima, Rondônia e Mato Grosso."
"Esse mundo de utopia ecológica chega, agora, na selva e no rio, de modo
dramático, provocando a migração em massa de suas populações para as cidades de
Porto Velho, Rio Branco, Manaus, Santarém e Belém. São todos egressos da
produção interiorana que vão engrossar as favelas e as vilas de miséria das
periferias e baixadas, criando o caos urbano criador de marginalidades e
violências. O caboclo do beiradão e o homem da floresta daquele discurso de
apologia estão sendo, agora, crucificados nesse nora ripo do holocausto."
(Samuel Benchimol - 1992) 2. "Devemos comemorar ou lamentar o Dia do Meio
Ambiente na Amazônia? E importante para a sociedade que se faça uma avaliação
rápida desse cenário para não ficarmos na sensação de coisa feita ou bem
realizada." "Estão sendo criados programas que aliviem a pressão
migratória para os centros urbanos e que ofereçam alternativas econômicas para
o social deserdado cidadino expulso de seu habitat e que fazem parte do atual
"cinturão de miséria" de Belém e outros centros urbanos."
"Quais nossos valores na Amazônia? O homem liberto da pobreza ou a
preservação da Amazônia como se fosse toda a floresta para felicidade de
estrangeiros e grupos políticos insensatos." "O desenvolvimento só se
realiza se houver uma conjugação de diversos fatores, preponderantemente
recursos naturais, força de trabalho, capital, conhecimento e fundamentalmente
vontade do povo. Utopia e insensatez não levam a nenhum lugar." "O
balanço da festa do meio ambiente, infelizmente, negativo para população da
região, não havendo nada a festejar, a não ser para os governantes e seu
exército de áulicos, beneficiados pelas benesses do Poder." (Armando
Soares - 2013)
A opinião desses dois amazônidas, de maior respeito, é praticamente a
mesma, principalmente se levarmos em conta que houve defasagem por mais de 20
anos entre as duas, quase uma geração. Um é mais humanista, outro é mais
ideológico, porém, ambos nos indicam que precisamos fazer algo para mudar este
estado de coisas. Deixam claro que, como pano de fundo da "Apologia da
Floresta" com a supervalorização do bioma amazônico, estava e está à
burocracia ecológica, e Brasília importou este produto de péssima qualidade e,
ainda mais, assinou tratados internacionais que engessam nosso futuro. Como a
Convenção 169, da OIT, ratificada pelo Congresso Nacional em 2002, e a
Declaração dos Povos Indígenas da ONU, de 2006. Hoje, a sociedade amazônida é
constantemente constrangida e nossos dirigentes nada fazem, uns por covardia,
outros por concordância, e realmente não sei qual é a pior das duas atitudes.
No interior, homens rudes, aqui nascidos e criados, são proibidos de utilizar
recursos naturais do seu entorno, por leis, portarias e regulamentos concebidos
nas salas refrigeradas de Brasília, por homens engravatados que não conhecem
nossa região, pois até em suas férias preferem visitar Dubai, Paris ou Nova
Iorque. Entretanto, esses burocratas ficaram encantados com os seus novos
conhecimentos ecológicos, se verdadeiros ou não, isso pouco interessa, o que
realmente é considerado é o elogio fácil da mídia ecológica e bem paga, o que
vai ou está acontecendo na Amazônia não é, de forma alguma, problema deles.
Esses senhores não conhecem nada de nossa região, reproduzem as opiniões de
alguns famosos, como o cantor Sting, que olhou a nossa floresta e de pronto
concluiu: "aqui está a cura do câncer e da Aids", deixando
boquiabertos os nossos excelentes pesquisadores do Instituto Evandro Chagas, abro
um parêntese para afirmar que esta instituição, enche de orgulho a sociedade
paraense. Ou do midiático Al Gore que disse que queimamos um campo de futebol
por segundo, veio à Amazônia para ver esse fantástico desmatamento, passou 48
(quarenta e oito) horas e só viu muita chuva e mais nada, não deu entrevistas e
não conseguimos nem saber se distingue clima de tempo. Nossos dirigentes têm
que acordar, sair de suas zonas de conforto, deste estado letárgico que se
confunde com um dos nossos pecados capitais, que é a preguiça, e lutar para
mudar o que aí está posto. Esta é a nossa "verdade inconveniente".
Eng° JOSÉ MARIA DA COSTA MENDONÇA Vice-presidente da FIEPA Presidente do
CIP Presidente da Comissão de Energia da FIEPA/CIP Presidente do Conselho
Temático de Infraestrutura da FIEPA. Membro do Grupo de Acompanhamento de Belo
Monte da OAB
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