sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Na Amazônia profunda, EGOCENTRISTA não se cria.

Há uma frase do Professor Frederico Hartt (geólogo 
americano) que relata bem o delíquio dos mais robustos espíritos diante daquela enormidade. Ele estudava a geologia do Amazonas quando em dado momento se encontrou tão despeado das concisas fórmulas científicas e tão alcandorado no sonho, que teve de colher, de súbito, todas as velas à fantasia:
- "Não sou poeta. Só falo a prosa da minha ciência!"
DIVERSOS TRECHOS DO LIVRO de Euclides da cunha em seu A MARGEM DA HISTÓRIAEMPURRAM OS MAIS “EGOLATRAS” (versão patológica do egocentrista) QUE SE PENSAM GRANDE À SUA INSIGNIFICANCIA FRENTE À MOMENTOSA NATUREZA AMAZONICA.
A impressão dominante que tive, e talvez correspondente a uma verdade positiva, é esta:
“o homem, ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido - quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão. E encontrou uma opulenta desordem... Destarte a natureza é portentosa, mas incompleta. É uma construção estupenda a que falta toda a decoração interior.   Tem tudo e falta-lhe tudo, porque lhe falta esse encadeamento de fenômenos desdobrados num ritmo vigoroso, de onde ressaltam nítidas, as verdades da arte e da ciência - e que é como que a grande lógica inconsciente das coisas”.
Escreveu; e encarrilhou-se nas deduções rigorosas. Mas decorridas duas páginas não se forrou a novos arrebatamentos e reincidiu no enlevo... É que o grande rio, malgrado a sua monotonia soberana, evoca em tanta maneira o maravilhoso, que empolga por igual o cronista ingênuo, o aventureiro romântico e o sábio precavido.
A flora ostenta a mesma imperfeita grandeza. Nos meios-dias silenciosos - porque as noites são fantasticamente ruidosas, quem segue pela mata, vai com a vista embotada no verde-negro das folhas; e ao deparar, de instante em instante, os fetos arborescentes emparelhando na altura com as palmeiras, e as árvores de troncos retilíneos e paupérrimos de flores, tem a sensação angustiosa de um recuo às mais remotas idades, como se rompesse os recessos de uma daquelas mudas florestas carboníferas desvendadas pela visão retrospectiva dos geólogos.

Estes trechos nos foram enviados como comentários complementares ao trecho do artigo de ontem a respeito da POSTURA DO GEÓLOGO NO TAPAJÓS e para corroborar a POSTURA DE HUMILDADE como PRIMEIRO MANDAMENTO para o sucesso na Amazônia profunda.

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