Há uma frase do Professor Frederico Hartt
(geólogo
americano) que relata bem o delíquio
dos mais robustos espíritos diante daquela enormidade. Ele estudava a geologia do Amazonas quando em dado momento se encontrou
tão despeado das concisas fórmulas científicas e tão alcandorado no sonho, que
teve de colher, de súbito, todas as velas à fantasia:
- "Não sou poeta. Só falo a prosa da
minha ciência!"
DIVERSOS
TRECHOS DO LIVRO de Euclides da cunha em seu A MARGEM DA HISTÓRIA EMPURRAM OS MAIS “EGOLATRAS” (versão patológica do
egocentrista) QUE SE PENSAM GRANDE À SUA INSIGNIFICANCIA FRENTE À MOMENTOSA
NATUREZA AMAZONICA.
A impressão dominante que tive, e talvez
correspondente a uma verdade positiva, é esta:
“o homem, ali, é ainda um intruso
impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido - quando a natureza ainda
estava arrumando o seu mais vasto e luxuoso salão. E encontrou uma opulenta
desordem... Destarte a natureza é
portentosa, mas incompleta. É uma construção estupenda a que falta toda a
decoração interior. Tem
tudo e falta-lhe tudo, porque lhe falta esse encadeamento de fenômenos
desdobrados num ritmo vigoroso, de onde ressaltam nítidas, as verdades da arte
e da ciência - e que é como que a grande lógica inconsciente das coisas”.
Escreveu; e encarrilhou-se nas deduções
rigorosas. Mas decorridas duas páginas não se forrou a novos arrebatamentos e
reincidiu no enlevo... É que o grande rio, malgrado a sua monotonia soberana,
evoca em tanta maneira o maravilhoso, que empolga por igual o cronista ingênuo, o aventureiro
romântico e o sábio precavido.
A flora ostenta a mesma imperfeita grandeza. Nos meios-dias silenciosos - porque as
noites são fantasticamente ruidosas, quem segue pela mata, vai com a vista embotada
no verde-negro das folhas; e ao deparar, de instante em instante, os fetos
arborescentes emparelhando na altura com as palmeiras, e as árvores de troncos
retilíneos e paupérrimos de flores, tem a sensação angustiosa de um recuo às
mais remotas idades, como se rompesse os recessos de uma daquelas mudas
florestas carboníferas desvendadas
pela visão retrospectiva dos geólogos.
Estes trechos nos foram enviados como
comentários complementares ao trecho do artigo de ontem a respeito da POSTURA
DO GEÓLOGO NO TAPAJÓS e para corroborar a POSTURA DE HUMILDADE como PRIMEIRO
MANDAMENTO para o sucesso na Amazônia profunda.
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