Em teoria, o geólogo é formado a
procurar a agulha num palheiro, ele amostra uma área grande para descobrir uma
anomalia pequena e ele a detalha ate delimitar uma jazida de ouro. Para isto
ele lança mão de diversas ferramentas: voos geofísicos, amostragem geoquímica e
observação da geologia. Ele parte de uma área grande para chegar numa pequena,
é um sistema centrípeto.
No caso do Tapajós, a coisa muda
completamente, pois os garimpeiros estão cutucando há 50 anos, ou seja, estão
amostrando de maneira empírica, baseados nas observações de produções de ouro
dos igarapés e grotas. Fizeram a primeira parte do trabalho, mas o garimpeiro esqueceu-se de
lançar as suas observações em mapa e dar uma dimensão cartesiana aos seus
achados, e nunca se afastam dos cursos d´água, fontes das suas observações.
No conjunto dos muitos garimpeiros, é aplicado um sistema considerado centrípeto.
Neste caso, o trabalho do geólogo
é de captar o conhecimento difuso do e dos garimpeiros, conhecendo a linguagem
técnica que eles usam e traduzir num mapa parte ou todas essas informações. Com este mapa primário, será
necessário tirar conclusões técnicas e ir atrás do que os garimpeiros não
observaram, seja porque era grande demais, seja porque era afastado das
correntes de água. Quando se fala em grande demais,
é porque o garimpeiro procura rico e o geólogo procura grande, e sendo rico, por um equilibro da natureza é
pequeno e portanto sem interesse para o geólogo e sendo grande, há de ser de
baixo teor e, portanto, sem ou de limitado interesse para o nosso garimpeiro. O processo intelectual neste caso
é invertido: não é mais de fora para dentro, centrípeto, mas de dentro para fora, centrífugo.
O sistema centrífugo é o sistema que permitiu quase todas as descobertas no Tapajós, ou seja, com a participação
inicial empírica do garimpeiro e a participação posterior do geólogo para
sistematizar e dar volume e consistência à “descoberta” garimpeira, primeiro
superficialmente, depois em três dimensões com a sondagem. As exceções são as
descobertas pela Rio Tinto dos depósitos epitermais do norte do Tapajós e um
dos depósitos da Golden Tapajós no garimpo Boa
Vista.
O sistema centrípeto é o sistema que permitiu quase todas as descobertas no
Carajás, exceção feita da própria jazida de ferro de Carajás que também foi
centrífuga, mas sem a participação prévia de garimpeiro e de Serra Pelada com a
participação do garimpeiro.
Se tiver outras, podem nos relembrar!
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