Uma rocha é formada de uma multiplicidade de
cristais, mas também de material amorfo e a relação e tipos destes determina
como foi formada a rocha e qual a relação que ela tem com o ouro
Como cristal estamos considerando a geometria cristalina dos minerais e não as características gemológicas especiais destes
anexo, uma seção polida de uma rocha visto no microscópio mostrando cristal de muscovita (mica)
Um cristal é
um sólido no qual os constituintes, sejam eles atomos, células ou ions
estão organizados num padrão tridimensional bem definido, que se repete no
espaço, formando uma estrutura com uma geometria específica.
Em química
e mineralogia um cristal é uma forma da matéria na qual as partículas
constituintes estão agregadas regularmente, criando uma estrutura cristalina que
se manifesta macroscopicamente por assumir a forma externa de um sólido de
faces planas regularmente arranjadas, em geral com elevado grau de simetria
tridimensional.
Embora
o termo cristal tenha
um significado preciso no âmbito da ciência dos materiais e da física do estado sólido, em linguagem coloquial o termo é
utilizado de forma muito abrangente para designar objectos sólidos que
apresentam características de brilho e forma bem marcados, em geral associados
a formas geométricas simples. Se alguns são cristais, como o gelo, a neve e o
sal de cozinha, outros são na realidade vítreos, isto é são compostos por
materiais cujos átomos não apresentam qualquer ordenação especifica.
Apesar
de em geral o arrefecimento de uma substância conduzir à formação de cristais (isto é à
cristalização), tal não é uma verdade universal. Misturas de substâncias muito
heterogéneas raramente cristalizam e em alguns casos o arrefecimento pode ser
tão rápido que as moléculas ou átomos perdem
mobilidade antes de poderem atingir a posição correcta na malha cristalina. Um
material não cristalino, como o vulgar vidro, não apresenta ordenação espacial
dos seus átomos ou moléculas ao longo de distâncias consideráveis, face ao raio
desses átomos ou moléculas, pelo que é denominado amorfo ouvitreo.
Estes materiais são em geral denominados sólidos amorfos, sendo um exemplo
geológico conhecido a obsidiana.
Estrutura e
formação dos cristais
Num
cristal a posição de cada um dos átomos, moléculas ou iões que o constituem,
que para economia discursiva passaremos a designar (de forma menos correcta)
por partículas, é determinada pelas posições ocupadas já existentes. Assim, no
momento de cristalização, a partícula forma com as suas vizinhas um conjunto de
ligações químicas (de qualquer tipo, indo das iónicas às ligações fracas) que
determina a posição espacial que tenderá a ocupar.
Em
resultado desse processo, forma-se uma estrutura tridimensional, mantida de
forma mais ou menos rígida pelas ligações entre partículas, que se vai
progressivamente propagando no espaço, formado assim um sólido que tenderá,
pela expressão macroscópica desta ordenação interna, a ter uma forte tendência
para a simetria. São esses os sólidos a que chamamos cristais.
As
estruturas cristalinas ocorrem em todos os tipos de materiais com todo o tipo
de ligações inter-moleculares e inter-atómicas.
Quase
todos as ligações metálicas por nuvem de electrões coexistem com um
estado policristalino, já que os metais em estado amorfo ou monocristalino raramente existem na natureza. A
generalidade dos sais cristaliza, já que as ligações iónicas, formadas a partir
da condensação de soluções,
ou da solidificação de sais em fusão, formam malhas cristalinas muito estáveis.
Daí que quase todos os sais em estado sólido sejam cristais. As ligações
covalentes também são muito comuns em cristais, em particular em cristais
orgânicos (como os açucares e as proteínas puras). Outro exemplo de cristais
com ligações covalentes são o diamante e a grafite. Os polimeros
em geral apresentam regiões cristalinas, mas o comprimento das cadeias
dificulta a cristalização total.
Em
geral, os cristais formam-se a partir de substâncias fluidas à medida que estas
vão sofrendo solidificação ou precipitação (caso se trate de uma solução). A
forma mais comum de cristalização consiste na existência de uma solução, a
partir da qual o material que forma o cristal vai precipitando e, no processo,
cada átomo ou molécula vai assumindo uma posição que é determinada pelos átomos
ou moléculas vizinhas.
A
arrumação das partículas, e a sua persistência no lugar que ocupam na malha
cristalina, é determinada pelo existência de um mínimo energético nessa
posição, correspondente à otimização das ligações formadas entre as partículas.
Um
exemplo típico deste processo é a formação de gelo: quando o movimento
browniano induzido pelo calor é suficientemente pequeno para permitir que
as moléculas de água se liguem de forma estável (em água pura aos 0º C),
as ligações entre as zonas de polarização eléctrica positiva e negativa das
moléculas são imobilizadas porligações de Van der Walls. Em resultado, as
moléculas da água vão sendo progressivamente presas na estrutura, formando-se o
gelo. Devido à formação desta rede, e à redução de entropia que
corresponde à ordenação das moléculas, o gelo tem uma energia interna inferior
à da água, daí que seja necessário fornecer um calor de fusão (igual
àquele que ele liberta quando solidifica) para o transformar novamente em água.
É
este calor de fusão que
explica a estabilidade dos cristais e a tendência das substâncias puras, quando
arrefecem, para assumir a forma cristalina (com elevada ordenação espacial).
Os
materiais que quando solidificam não libertam um calor de fusão, como acontece
com a solidificação de um vidro, apesar de em geral serem considerados sólidos,
são, do ponto de vista termodinâmico,
líquidos com viscosidade quase infinita, já que as suas partículas não atingiram
um estado de mínimo energético.
Outra
forma comum de cristalização, e a mais frequente em geologia, já que está
presente nos magmas e nas soluções hidrotermais, é a precipitação a
partir de uma solução. Um exemplo comum é o que acontece com as soluções
sobressaturadas de sal comum (cloreto de sódio): quando a quantidade de sal em
solução excede a que pode ser mantida àquela temperatura, os iões de sódio e potássio começam
a agregar-se de forma estruturada (em geral em torno de impurezas ou de um
cristal semente), crescendo rapidamente por remoção de sal da
solução. O mesmo acontece com a formação dos cristais no magma: a partir do
material fundido vão sendo precipitados cristais que crescem por agregação dos
átomos que os constituem.
Embora
menos comum, mas de forma alguma rara, é a formação de cristais a partir de um
gás ou mistura gasosa. O exemplo mais comum é o crescimento dos cristais
de neve na atmosfera por ressublimação, ou sublimação regressiva,
ao ocorrer a passagem de vapor de água (um gás) directamente para sólido. O
mesmo acontece com a formação de cristais de enxofre nas sulfataras e
de outros cristais em torno das fumarolas.
Na
natureza encontram-se cristais de formas muito diversificadas, dependentes da
forma de arranjo das cargas eléctricas nos átomos ou moléculas que formam o
cristal e das condições em que a cristalização se deu por exemplo a água,
pode assumir múltiplas formas cristalinas em função da forma como o cristal se
formou: a neve e um cubo de gelo são formas completamente
distintas de cristais de água, com estrutura diferenciada em função das
condições de cristalização.
Pelas
razões atrás apontadas, a forma dos cristais depende não só das características
do material de que o cristal é formado, mas também das condições de formação
(um caso extremo é o carbono: a altas pressões e temperaturas forma
o diamante, a altas
temperaturas e baixas pressões forma grafite, substâncias que á primeira
vista nada têm em comum).
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