quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Na exploração mineral a MAIORIA está quase sempre ERRADA

Introdução do JO: Se visitarmos um acampamento de exploração mineral vai encontrar uma equipe de geólogos na frente dos computadores, analisando os dados coletados por técnicos e braçais; é possível achar ouro no computador? O computador organiza, massifica enquanto a descoberta é produto da originalidade e de um espírito revolucionário.

Artigos do mesmo tema:

Artigo1: Há mais descobridores do que descobertas
Artigo2:os sistemas centrípetos e centrífugos da descoberta

Segue um artigo do geólogo Pedro Jacobi, oriundo do site www.geologo.com.br que demonstra essa contradição:

Como vimos o  Brasil foi catapultado ao primeiro mundo da exploração mineral no início da década de 70. A partir deste momento não existiram avanços tecnológicos ou métodos exploratórios que não tenham sido usados exaustivamente no nosso País.
Nesta fase muitos começaram a acreditar que era possível achar depósitos minerais sem a geologia básica. Segundo esta ótica bastava um computador repleto de dados geoquímicos, geofísicos, gráficos e de imagens de satélite para gerar todas os alvos e a estratégia do programa. Foi quando o geólogo tinha que encaixar, de qualquer forma, o seu projeto em um modelo pré-existente.
A situação foi levada a extremos e os absurdos se repetiram de empresa a empresa. Os trabalhos publicados, quase todos, mostram um geólogo de exploração preocupado em provar que o seu projeto era do tipo A ou B. Se o projeto não se enquadrasse em um modelo existente de interesse da empresa o projeto era, geralmente, bombardeado pelos experts de plantão e descartado.
Esta tendência levou as grandes empresas a perder centenas de milhões de dólares ao apostar as suas fichas na tecnologia em descompasso com o homem. Os novos softwares geram literalmente incontáveis novos alvos que se superpõem formando um oceano de anomalias que tragam o orçamento, os recursos e, frequentemente, a criatividade dos seus geólogos de exploração.
O tratamento de dados, hoje, faz a equipe de exploração ter que lidar com camadas de geologia, geoquímica e de geofísica superpostas a imagens de satélites tratadas e filtradas. A cada novo parâmetro adicionado ou modificado nesta equação são várias as "anomalias" que aparecem ou desaparecem. A situação é tão drástica que geralmente consegue paralisar a grande maioria dos geólogos de exploração que acabam ficando reféns dos gráficos e mapas coloridos.
São poucos aqueles que ainda conseguem focalizar o mais importante: a geologia que está por trás das cores e números.
Como a major é uma empresa conservadora por definição é natural que este conservadorismo se reflita também na chefia dos programas de exploração. O somatório final é quase que invariavelmente, o insucesso. Todos fazem exatamente o previsível que, quase sempre, tem a concordância da maioria.
Ocorre que na exploração mineral a maioria está quase sempre errada. A descoberta de um novo depósito mineral está sempre relacionada a uma visão totalmente nova e revolucionária. Descobrir outros depósitos similares qualquer empresa pode fazer. Afinal, depois de Colombo, qualquer um pode colocar o "ovo de pé".
A história mostra que são poucas as pessoas equipadas com essa capacidade de visão e abstração que é fundamental  ao sucesso de um programa exploratório.
Saber identificar os exploracionistas deveria ser uma das principais funções da chefia.
A exploração mineral, por mais fechada e hermética que possa ser,  nunca consegue manter os seus segredos do mercado. Um bom exemplo é o da tecnologia de exploração para kimberlitos férteis a partir de minerais indicadores. Por anos a De Beers escondeu, até dos seus geólogos locais, uma série de parâmetros exploratórios que acreditavam se constituir em uma das grandes vantagens competitivas da empresa. Estes gráficos e dados são guardados a sete chaves e utilizados somente pelos analistas do core. Com o tempo outras empresas como a Rio Tinto também desenvolveram programas exploratórios e metodologias próprias que, também, foram consideradas segredos de estado e que pareciam a solução para qualquer programa exploratório.

Conclusão do JO: não podemos esquecer que para as juniors companies, o que importa é a forma, a leitura dos resultados sintetizados de maneira clara e estética para publicação e alavancagem das ações e nesta ótica, o computador passou a ser um aliado em detrimento da realidade geológica. E os modelos bem sucedidos em outras partes do mundo são um outro fator de alavancagem das ações.Isto adicionado ao conforto de um trabalho sentado em ar refrigerado contra o tremendo desconforto do trabalho físico no seio da floresta amazônica pode explicar essa malfadada “evolução”. Mas o que faz a descoberta é o insight do exploracionista, e os computadores não tem insights, são todos iguais.

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