Introdução do JO: Se visitarmos um acampamento de
exploração mineral vai encontrar uma equipe de geólogos na frente dos
computadores, analisando os dados coletados por técnicos e braçais; é possível
achar ouro no computador? O computador organiza, massifica enquanto a
descoberta é produto da originalidade e de um espírito revolucionário.
Artigos do mesmo tema:
Artigo1: Há mais descobridores do que descobertas
Artigo2:os sistemas centrípetos e centrífugos da descoberta
Segue um artigo do geólogo Pedro Jacobi,
oriundo do site www.geologo.com.br que demonstra essa
contradição:
Como vimos o Brasil foi catapultado
ao primeiro
mundo da exploração
mineral no início da década de 70. A partir deste momento não existiram avanços
tecnológicos ou métodos exploratórios que não tenham sido usados exaustivamente
no nosso País.
Nesta fase muitos começaram a acreditar que
era possível achar depósitos minerais sem a geologia básica. Segundo esta
ótica bastava um computador repleto de dados geoquímicos, geofísicos, gráficos
e de imagens de satélite para gerar todas os alvos e a estratégia do programa.
Foi quando o geólogo tinha que encaixar, de qualquer forma, o seu projeto em um
modelo pré-existente.
A situação foi levada a extremos e os
absurdos se repetiram de empresa a empresa. Os trabalhos publicados, quase
todos, mostram um geólogo de exploração preocupado em provar que o seu projeto
era do tipo A ou B. Se o projeto não se enquadrasse em um modelo existente de
interesse da empresa o projeto era, geralmente, bombardeado pelos experts de
plantão e descartado.
Esta tendência levou as grandes empresas a
perder centenas de milhões de dólares ao apostar as suas fichas na tecnologia
em descompasso com o homem. Os novos softwares geram literalmente incontáveis
novos alvos que se superpõem formando um oceano de anomalias que tragam o
orçamento, os recursos e, frequentemente, a criatividade dos seus geólogos de
exploração.
O tratamento de dados, hoje, faz a equipe
de exploração ter que lidar com camadas de geologia, geoquímica e de geofísica
superpostas a imagens de satélites tratadas e filtradas. A cada novo parâmetro
adicionado ou modificado nesta equação são várias as "anomalias" que
aparecem ou desaparecem. A situação é tão drástica que geralmente consegue
paralisar a grande maioria dos geólogos de exploração que acabam ficando reféns
dos gráficos e mapas coloridos.
São poucos aqueles que ainda conseguem
focalizar o mais importante: a geologia que está por trás das cores e números.
Como a major é uma empresa conservadora por
definição é natural que este conservadorismo se reflita também na chefia dos
programas de exploração. O somatório final é quase que invariavelmente, o
insucesso. Todos fazem exatamente o previsível que, quase sempre, tem a
concordância da maioria.
Ocorre que na exploração mineral a maioria
está quase sempre errada. A descoberta de um novo
depósito mineral está sempre relacionada a uma visão totalmente nova e revolucionária.
Descobrir outros depósitos similares qualquer empresa pode fazer. Afinal,
depois de Colombo, qualquer um pode colocar o "ovo de pé".
A história mostra que são poucas as pessoas
equipadas com essa capacidade de visão e abstração que é fundamental ao
sucesso de um programa exploratório.
Saber identificar os exploracionistas
deveria ser uma das principais funções da chefia.
A exploração mineral, por mais fechada e
hermética que possa ser, nunca consegue manter os seus segredos do
mercado. Um bom exemplo é o da tecnologia de exploração para kimberlitos
férteis a partir de minerais indicadores. Por anos a De Beers escondeu, até dos
seus geólogos locais, uma série de parâmetros exploratórios que acreditavam se
constituir em uma das grandes vantagens competitivas da empresa. Estes gráficos
e dados são guardados a sete chaves e utilizados somente pelos analistas do
core. Com o tempo outras empresas como a Rio Tinto também desenvolveram
programas exploratórios e metodologias próprias que, também, foram consideradas
segredos de estado e que pareciam a solução para qualquer programa
exploratório.
Conclusão
do JO: não podemos esquecer que para as juniors companies, o que importa é a
forma, a leitura dos resultados sintetizados de maneira clara e estética para
publicação e alavancagem das ações e nesta ótica, o computador passou a ser um
aliado em detrimento da realidade geológica. E os modelos bem sucedidos em
outras partes do mundo são um outro fator de alavancagem das ações.Isto
adicionado ao conforto de um trabalho sentado em ar refrigerado contra o
tremendo desconforto do trabalho físico no seio da floresta amazônica pode
explicar essa malfadada “evolução”. Mas o que faz a descoberta é o insight do
exploracionista, e os computadores não tem insights, são todos iguais.
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