terça-feira, 14 de outubro de 2014

Você é mulher de quem?

Pergunta comum no Tapajós, esse tipo de frase poderia irritar muitas mulheres de fora desta região, mas no Tapajós, ate pode soar como admirativa, porque?




O dinheiro nesta imensa região não circula por bancos a não ser na própria capital, Itaituba e na sub capital, Novo Progresso. Os garimpeiros ao querer pagar contas ou enviar dinheiro para a família contatam uma das lojas de compra de ouro onde eles depositaram previamente uma quantia deste precioso metal e tal numa conta bancária, “assinam os cheques” utilizando um radio multi-frequência do garimpo para a loja, acertam o preço do dia e informam quantas gramas estão vendendo.
A esposa do garimpeiro, ao chegar à loja para receber a quantia acertada via radio (radio peão), a responsável pelo caixa ira indagar “você é mulher de quem?”, ou seja, você é a mulher de qual nosso correntista?
Se o garimpeiro correntista for destes momentaneamente bamburrados e bonitos de frente, com muitos quilos de ouro depositados, a mulher ira falar com orgulho para todas as pessoas na fila ouvir “sou mulher do Zé das botas” e uma descarga de adrenalina e inveja ira ocorrer no seio dos presentes, pois todo mundo sabe quem esta produzindo ouro ou não por causa do sistema de sociedade utilizado no garimpo e por causa do radio peão multi frequência que todo mundo acessa.
Se o garimpeiro correntista for destes com produção difícil, a mulher ira falar baixinho através do vidro blindado do caixa.
Originada nos caixas das lojas de compra de ouro, a frase virou comum em todo o comercio e em toda a sociedade do Tapajós, pois é o nome do dono do dinheiro que provoca a sensação de credibilidade e não o nome da mulher que o esta gastando.



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