segunda-feira, 23 de março de 2015

Serei eu estúpido?

Tenho passado por vários testes de quociente de inteligência e conseguido boas qualificações. Infelizmente sei como funcionam esses testes e sei que não provam nada.
Várias pessoas me dizem que sou inteligente. Mas isso tampouco serve de prova para qualquer coisa. Talvez essas pessoas me tenham demasiada consideração para dizer a verdade. Por outro lado, elas poderiam estar usando minha estupidez para seus próprios fins. Ou, poderiam simplesmente ser tão estúpidas quanto eu.
Tenho, porém, um pequeno resquício de esperança: frequentemente estou completamente consciente do quanto eu sou estúpido (ou tenho sido). E isso indica que não sou completamente estúpido.
Em algumas ocasiões, procurei localizar-me no gráfico de Cipolla, utilizando como termômetro, tanto quanto possível, resultados mensuráveis de minhas ações, em vez de opiniões. Dependendo da situação, parece que me situo ao redor do lado superior do gráfico, entre as áreas Ds e Ib; mas em alguns casos fico desesperadamente perdido em Sh. Nem sempre consigo ficar localizado no lado direito da diagonal com a freqüência que desejo.
Em uma escala maior, a expectativa é que os fatores mais fortes de êxito se localizem nos sub-sectores Ib e Bi. Entretanto, a enorme quantidade de pessoas Sb e mesmo Sh que fizeram carreiras maravilhosas só pode ser explicado por um forte desejo de parte de muitos líderes de estar rodeados de tantas pessoas estúpidas quanto possível.
Quando li o livro, gostei tanto que escrevi uma carta a Carlo Cipolla. (Fiz esse tipo de coisa apenas duas vezes em minha vida). Para minha surpresa, ele me respondeu, de modo breve, mas amável.
Eu lhe fiz duas perguntas:
a. “Posso ter o texto inédito da versão em inglês, para meus amigos de fala inglesa?”
A resposta foi não. (Não disse porquê, mas tenho uma suspeita).
b. “Que pensa do meu ’corolário‘ a sua Teoria?”
Nesse caso a resposta foi, “Bem... porquê não? talvez...” – que interpretei como uma entusiástica aprovação e adesão ao:
Corolário de Livraghi à Primeira Lei de Cipolla: cada um de nós tem um quociente de estupidez, que é sempre maior do que supomos.
Isso leva a um gráfico tridimensional, e não acho que deva mostrá-lo a você, porque nenhuma pessoa estúpida teria a coragem de ler até esse ponto.
Obviamente, pode-se introduzir outras variáveis, tais como os próprios quocientes H e B, e os quocientes S, H e B de outras pessoas. Ou talvez seja sensato esquecê-los, já que nunca são suficientes; não obstante, pode-se considerar o fator B, porque mesmo a mais generosa das pessoas pode comportar-se algumas vezes como um bandido, ainda que por erro. Esses fatores adicionais geram modelos multidimensionais que podem se tornar um tanto difíceis de manejar. Porém, mesmo que consideramos somente nossos valores individuais no quociente de estupidez, a complexidade pode ser enorme.

Tente. E assuste-se de verdade.

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