quarta-feira, 7 de outubro de 2015
Otimismo em exploração de minério, sim, ufanismo nunca!
Texto de Pedro
Victor Zalán (enviado por Fernando Lemos)
Isto tem a ver tanto para ouro, cobre, ferro como para petróleo
Mapa de localização das bacias sedimentares brasileiras, seus tipos genéticos e suas idades (de Zalán, 2004, in Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, Beca Produções Culturais Ltda., São Paulo, p. 595-612).
O
anúncio feito pelo Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, de que a 11ª
rodada da ANP de licitação de blocos exploratórios de petróleo e gás estava
finalmente confirmada para Maio de 2013 me encheu tanto de alegria e alívio que
resolvi dar uma forcinha para o processo. Decidi escrever um artigo sobre a
potencialidade petrolífera das áreas sedimentares brasileiras fora da chamada
“picanha azul”, polígono famoso com área de 149.000 km2 que delimita o tão decantado
pré-sal nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Tentarei passar a
mensagem de que o potencial brasileiro para hidrocarbonetos vai além do sistema
petrolífero chamado de pré-sal destas bacias. É possível que em nenhuma outra
bacia encontremos sistemas petrolíferos tão ricos quanto este, mas, com uma
alta probabilidade, encontraremos ao longo das próximas décadas sistemas
petrolíferos diversos significativamente ricos em óleo e gás. O público-alvo
deste texto serão os tomadores de decisões de companhias que atuam direta e
indiretamente no setor petróleo, os políticos que preparam leis e influenciam o
destino de verbas nesta área, os profissionais que atuam no mercado financeiro,
responsáveis pelo aconselhamento de investidores e fundos de investimentos, e
os profissionais de imprensa de um modo geral, responsáveis pela correta
redação e transmissão de notícias do setor. Aos meus
colegas geólogos e geofísicos das companhias petrolíferas, os exploracionistas,
eu não tenho nada a ensinar ou acrescentar. Tudo que aqui relatarei é do mais amplo e notório
conhecimento destes profissionais especializados em descobrir o petróleo nas
entranhas das bacias sedimentares. Mas, para aqueles que não detêm este
conhecimento específico, espero que este apanhado de conceitos e ideias, fruto
de 34 anos de vida profissional em uma das cinco maiores e mais importantes
companhias de petróleo do mundo, a Petrobras, seja útil e que contribua para
uma homogeneização de conhecimentos de toda a sociedade brasileira.
Este
artigo terá duas características. Ele será otimista e apresentará um linguajar
técnico. Otimista? Ah, não.... Lá vem outra pessoa da área de petróleo prometer
que serão descobertos dezenas de bilhões de barris de óleo, centenas de
trilhões de pés cúbicos de gás e que em alguns poucos anos a produção resultante
destas descobertas será da ordem de milhões de barris de óleo por dia......Não! Eu falei otimista, não falei vanglorioso ou
ufanista. Todo exploracionista é um otimista nato. Aliás, tem que ser, senão
ele jamais prosperará nesta profissão. O
otimismo a que me refiro é que nós geólogos sempre tiramos partido do que não
conhecemos sobre a geologia de uma bacia. É exatamente neste desconhecimento,
nestas lacunas do saber, que podem estar as futuras grandes descobertas. E o
desconhecimento que temos sobre algumas de nossas bacias sedimentares é imenso.
O otimismo a que me refiro é a persistência de sempre se aprender com os fracassos (poços secos)
e com este aprendizado insistir em novas ideias de como e onde o petróleo pode
estar escondido em sub superfície.
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