segunda-feira, 28 de julho de 2014

O garimpeiro não esta a MARGEM DA HISTÓRIA



Ele é parte da historia do Brasil, ele é o Brasil desde os seus primórdios.
Negar o garimpeiro é negar a própria essência do Brasil.
Nada diferencia o caucheiro dos tempos de Euclides da Cunha com o garimpeiro de hoje a não serem as ferramentas de trabalho mais poderosas.
Une o caucheiro ao garimpeiro pela forma de vida errante, pela violência, pela recusa as regras da sociedade organizada;
Une à sociedade de1905 a sociedade atual o mesmo olhar da sociedade Legalista da época e de hoje tanto ao caucheiro, como ao garimpeiro, o olhar condescendente ou horrorizado a um Brasil diferente.

O geólogo Fernando Lemos que conhece e preza a Lei e suas nuanças e reconhece isto pinçou com sua vasta cultura para o jornal do Ouro, as frases da literatura mostrando um Brasil verdadeiro de mais de cem anos que ate hoje persista com as suas mesmas singularidades humanas.
Reconhecer a diferença é prova de inteligência, concordar como ideal para uma nação moderna é outra coisa, mas recusar a realidade como muitos e querer impor a Lei da maioria pela força é prova de limitação intelectual e de desconhecimento da sua própria história;
Abaixo citações do escritor brasileiro Euclides da Cunha retiradas do livro “a margem da história” a respeito do Brasil amazônico em formação que ele conheceu e retratou de forma magistral. As diferenças da língua portuguesa não escondem a similaridade de atitudes entre a sociedade atual do garimpo com a sociedade dos caucheiros da Amazônia no ano de 1905, 109 anos atrás,
“completamente sós, acompanhados apenas do rifle inseparável, que lhes garante a existência com os recursos aleatórios das caçadas. Ali mourejam improficuamente longos anos; enfermam, devorados das moléstias; e extinguem-se no absoluto abandono. , ao mesmo tempo que o invade o sentimento da impunidade para todos os caprichos e delitos, cai, de um salto, numa selvageria originalíssima, em que entra sem ter tempo de perder os atributos superiores do meio onde nasceu.
Realmente, o caucheiro não é apenas um tipo inédito na História. 
Junta-os apenas sem os caldear. É um caso de mimetismo psíquico de homem que se finge bárbaro para vencer o bárbaro.  reponta em todos os atos da sua existência revolta. O mesmo homem que com invejável retitude esforça-se por satisfazer os seus compromissos, que às vezes sobem a milhares de contos, com os exportadores de Iquitos ou Manaus, não vacila em iludir o peón miserável que o serve, em alguns quilos de sernambi ordinário; 
 A selvageria é uma máscara que ele põe e retira à vontade.
.Arruina-se galhardamente; e volta... Reata a faina antiga: novos quatro ou seis anos de trabalhos forçados; nova fortuna prestes adquirida; novo volver ansioso em busca da fortuna perdidiça, numa oscilação estupenda das avenidas fulgurantes para as florestas solitárias.
Não há leis. Cada um traz o código penal no rifle que sobraça, e exercita a justiça a seu alvedrio, sem que o chamem a contas. 

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