segunda-feira, 25 de agosto de 2014
A mineração na Amazônia e a política
A pergunta que paira, quando o assunto é Marina Silva, é o
quanto um governo de Marina será bom ou ruim para a mineração do Brasil.
Sabemos que Marina tem as suas raízes no extrativismo onde as palavras
sustentabilidade e meio ambiente são sinônimos de pilares de sua formação.
Marina é um exemplo de determinação e de foco. Ela saiu de um seringal na
Amazônia, pobre, sem educação e infestada pela malária para uma meteórica
carreira política que a trouxe até esta candidatura à presidência do Brasil.
Qualquer um com esse currículo deve ser, no mínimo, respeitado.
Graças às suas ideias e posições, apresentadas durante o
seu trabalho na proteção do meio ambiente, ela foi taxada de radical, de anti mineração
e anti desenvolvimentista. Muitos inimigos políticos tentam pintá-la como
uma xiita ambientalista contrária ao desenvolvimento econômico e aos grandes
projetos inclusive os do agronegócio que junto com a mineração são as duas
grandes molas da economia brasileira.
Existem alguns, como o colunista Luis Soares, que afirma
que Marina é financiada por dois bilionários: um é Guilherme Leal seu vice na
candidatura de 2010, fundador do Grupa Natura e o outro Maria Alice Setubal, a
Neca Setubal, herdeira do Banco Itaú. Batendo na mesma tecla o colunista
Reinaldo Azevedo insinua que quem financia Marina é Neca Setubal o que
claramente demonstra uma dicotomia intrigante: um Banco financiando uma
candidata anti desenvolvimentista...
Talvez Marina não seja assim tão radical e, nos seus
cenários possíveis, existe uma mineração moderna, sustentável, que polui e
destrói muito menos.
Será isso possível?
Com raízes no comunismo e no movimento sindical ela foi uma
das fundadoras da CUT. Lançou-se na política pelo PT e, em 1994, elegeu-se a
senadora mais jovem do Brasil.
Sempre lutou contra a emissão dos gases de efeito estufa e
pela manutenção e demarcação das terras indígenas. Em 2003 como Ministra do
Meio Ambiente foi acusada de atrasar licenças ambientais para obras de
infraestrutura.
Esses atrasos criaram um desentendimento entre Marina e
Dilma, então na Casa Civil.
Lutou contra os transgênicos e contra as usinas nucleares
de Angra II. Foi radicalmente contra o desmatamento da Amazônia, indispondo-se
no processo, contra os Governadores de Rondônia e Mato Grosso.
A falta de apoio e a frustração a levaram a pedir demissão
do Ministério do Meio Ambiente e a filiar-se ao PV
Com as bandeiras da minoria negra, do meio ambiente e de
ser pobre ela conseguiu 20% dos votos da eleição de 2010. Um feito memorável
para quem tinha apenas 1 minuto e dezessete segundos de rádio e TV. Para muitos
esse voto foi o voto de protesto de uma multidão sem opção: a síndrome
“Cacareco”.
Em várias ocasiões Marina falou sobre a mineração.
Sobre as minas a céu aberto de Minas Gerais ela disse “que
é fundamental que se observe a legislação ambiental” e que a mineração é uma
“safra que só dá uma vez”, que paga impostos e royalties “ muito baixos” além
do passivo ambiental que deixa.
Segundo ela precisamos “transformar” a nossa matéria prima,
que é exportada principalmente para a China. E que compramos, posteriormente,
os produtos industrializados, o que é “um absurdo” e que faz com que o país
“não consiga criar riquezas”. Este é um ponto importantíssimo, que nós do Portal
do Geólogo concordamos com a candidata , e que mostra a determinação de Marina
de acrescentar valor ao nosso produto exportado, como o minério de ferro, que é
vendido por menos de US$100/t retornando posteriormente na forma de industrializados
que valem milhares de dólares por tonelada.
Marina tem uma posição bem clara sobre os royalties da
mineração, que segundo ela devem aumentar. Mas, em nenhum momento ela diz o
quanto ou se ela concorda com o aumento proposto pelo novo Código Mineral.
Existe um outro lado de Marina que nos assusta.
É um lado radical, pouco embasado nas tecnicidades da área
da mineral, que bombardeia a mineração de forma impiedosa como se essa fosse um
mal a ser execrado e erradicado.
Em uma página do seu partido Rede Sustentabilidade, ela
fala claramente sobre o Novo Marco Regulatório da Mineração. Em um parágrafo
sobre o Direito de Prioridade é dito que “Muitos geólogos e pesquisadores
da área afirmam que o “direito de prioridade” frustra qualquer planejamento ou
orientação pública a guiar a exploração mineral.” . Não sabemos onde ela fez
essa pesquisa mas acreditamos que esses “muitos” são os poucos associados ao
grupo que escreveu o MRM e que hoje, por questão corporativa, o defendem.
É claro que Marina, assim como Dilma, são contra o direito
de prioridade, que se extinto irá significar o fim das empresas privadas de
pequeno a médio porte da pesquisa mineral brasileira.
No texto de Marina é recomendado um maior controle público
sobre a atividade da mineração: “o relatório do deputado Leonardo Quintão
retrocede com relação a esse controle, voltando ao regime exclusivo de mercado,
e não incorpora a dimensão socioambiental necessária”.
Segundo Marina a mineração deveria“ incorporar todos os
custos socioambientais normalmente externalizados à sociedade, como
contaminação de água, desestabilização de atividades produtivas etc. Para
tanto, é fundamental, por exemplo, que o contrato de concessão reflita as
condições socioambientais estabelecidas na licença ambiental, assim como o
resultado da consulta às comunidades impactadas. “
Esses pontos são importantes e se forem implementados de
forma racional, sem radicalismos e ingerências ditatoriais serão benéficos.
No nosso entender, a mineração, como um todo, tem que
poluir menos e adotar práticas ambientais modernas atuando em prol da sociedade
antes, durante e depois do projeto mineral.
Nestes pontos não estamos longe de Marina.
Marina em várias ocasiões se mostrou contra a energia
nuclear que “é cara e não é segura”. Diz que os danos ambientais da mineração
são “democratizados” e que o Estado se beneficia pouco, pois os royalties “são
miseráveis”.
No entanto a falta de profissionalismo de seus associados
nos faz ficar de cabelos em pé.
Em um vídeo denominado “Enquanto o trem não passa”, que foi
postado no Facebook oficial de Marina, fica claro que ela tem o suporte de
grupos profundamente amadores que por saberem tão pouco da mineração não podem,
jamais, gerenciar os nossos destinos sob pena de imensos fracassos e atritos.
O vídeo elaborado por vários grupos de suporte à Marina
fala sobre o novo código e sobre a mineração entremeando meias-verdades, de
forma a colocar quem vê o documentário, radicalmente contra a mineração como um
todo.
O vídeo discorre sobre a falta de beneficiamento do minério
brasileiro, uma verdade, mas mistura a Vale com os garimpeiros de Serra Pelada
como se o garimpo e a mineração da Vale tivessem alguma similaridade, o que
obviamente não existe.
Ele fala da Belo Sun, na Volta Grande do Xingu, de uma
forma irresponsável, “ informando que após dez anos de exploração a mineradora
vai deixar o equivalente a dois morros do tamanho do Pão de Acúcar de ”resíduos
tóxicos como o cianeto”. Uma grosseira inferência de quem pouco conhece sobre a
mineração de ouro e sobre as formas de neutralizar o cianeto usado na
recuperação do metal.
Mas depois que o erro é lançado como verdade é difícil de
apagá-lo do consciente coletivo.
Neste vídeo fica claro que a tendência do partido e dos
seguidores de Marina é apoiar os garimpos, os índios e os quilombolas contra as
mineradoras. Nele é denunciado que o Relator, o Dep. Quintão, está sendo
financiado pelas mineradoras. São inúmeras as tentativas de transformar a
mineração no “grande satã” o que, além de errado, possivelmente vai causar mais
danos à mineração do que o próprio governo do PT já fez.
Os ataques não param aí e dizem que no novo código não é
tratado a questão socioambiental e os direitos das comunidades e que os
mineradores, generalizam, querem “invadir“ as terras indígenas.
No vídeo a mineração é acusada de usar muita água e muita
energia e é responsável pela falta de água que vemos hoje, já que as fontes e
nascentes “estão sendo drenadas pela mineração”.
São obviamente acusações risíveis que demonstra a falta de
preparo de quem elaborou o documentário, mas será que Marina, se Presidente,
não vai acolher essas demandas, “ipsis litteris”? O documentário,
amadoristicamente, mistura mineração com alhos e bugalhos e sem nenhuma preocupação
com a verdade ou com o embasamento técnico-científico, propaga barbaridades
como: a “mineração é o setor que mais mata, mutila e enlouquece os
trabalhadores. Em uma das atividades mais insalubres e mal remuneradas”.
É preocupante a propagação de falácias deste calibre,
destinadas àquele cidadão sem preparo e pouca educação que não poderá se
proteger destas inverdades. Será que esse é, também, o pensamento de Marina?
Marina nos parece estar vivendo em vários mundos,
imprensada entre movimentos de esquerda e ambientalistas radicais e um grupo
mais moderado. Talvez junto com o PSB, sua nova coligação, ela tenha que adotar
uma atitude mais moderada, até por força de contrato.
Entretanto, no que tange a mineração, o plano de governo da
coligação de Marina com o PSB lançado em 04 de fevereiro de 2014, é um deserto.
O Plano, conforme já discutido pelo Portal do Geólogo,
sequer menciona palavras como mineração, minério, mina ou geologia.
Algo correlato só é citado, sem profundidade, dentro
do âmbito da energia quando é proposto a criação de “um Painel de Especialistas
para discutir a fundo a tecnologia de segurança que está sendo utilizada na
exploração de petróleo na camada do pré-sal e a que será utilizada para
exploração do gás de xisto, para que a sociedade tenha maior clareza em relação
aos riscos envolvidos.”
A nossa conclusão sobre o impacto de Marina na mineração e
na geologia do Brasil nos leva a dizer que: o plano de Marina simplesmente não
contempla a mineração.
Nesse quesito somos um zero à esquerda.
Através da leitura de seus discursos e posições dos últimos
anos se torna óbvio que Marina contempla inúmeras medidas que irão nos
asfixiar, reduzir e minimizar. Possivelmente veremos um código sem o direito de
prioridade, um processo de estatização da mineração e da pesquisa mineral e
agências ambientais hostis e pouco ágeis na concessão das licenças ambientais.
Mesmo sob o guarda-chuva da coligação com o PSB não vemos Marina como um fato
novo que possa nos propulsionar e elevar a mineração ao seu real patamar de
importância socioeconômica.
Infelizmente.
2 comentários:
Concordo plenamente, inclusive toda a minha família foi afetada por politicagem, tinhamos 7 mil hectares na volta grande do Xíngu, região do RIO ITATÁ E SERRA DO MESMO nome, requerimentos em meu nome, alvarás de pesquisa, e 2 mil ha em nome do meu irmão, fizemos tudo como manda a lei, mas a MÁFIA DO DNPM E POLÍTICOS, derrubaram nossos alvarás, depois que decobrimos uma reserva de ouro incalculável, de tonelas de ouro, uma mé de 200 gramas por tonelada, meu pai gastou tudo do próprio bolso, fizemos uma estrada de15 kms do rio xingú a serra do ITATÁ, sondagens, etc.. mais de 100 homens trabalhando e na hora de renovar os alvarás, falaram que "por falta de pesquisa" os alvarás foram cassados" e por coincidência, a VERENA, cujo presidente na época rea o diretor do DNPM requereu, ai a nossa família,foi a falência. meu pai ainda por cima pegou malária e faleceu, enfim, hoje a BELO SUN, está usufluindo o que nós conquistamos com tanto esforço, mas é o Brasil!! Triste
ALVARÁ N9 5.281, DE 02 DE DEZEMBRO DE 1983
MINISTRO EME ESTADO DAS MINAS E ENERGIA,
O usam
do da
28 de atribuição que lhe confere o art. 21, do Decreto-lei n9 227, dJ
fevereiro de 1967 (Código de Mineração),
RESOLVE:
Autorizar, pelo prazo de 3 anos, Marcos Szuecs a pesqui sar minério de ouro, no lugar denominado Fazendinha, Distrito e Munici pio de Senador Jose Porfirio, Estado do Pará, numa área de 1.000ha, de limitada por um polígono, que tem um vértice a 6.913m, no rumo verdadei ro de I8932'SE, da confluência do Rio Ituna com o Rio Xingu e os lados a partir desse vértice, os seguintes comprimentos e rumos verdadeiros: 3.125m-E, 3.200m-S, 3.125m-W, 3.200m-N.(DNDPM n9 850.550/83)
(N9 13.839 de 23-11-83 - Cr$ 18.000,00)
Cesar Cals
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