segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Região Amazônica, um laboratório sociológico.
Sob a influência de Emile Durkheim e uma linha de sucessores,
a Sociologia, impregnada de aparentes valores humanistas e morais, matou a
Economia. Enquanto a primeira representa uma ciência capaz de criar no futuro
uma nova ordem social, progresso e esperança, a economia se mantém amarrada aos
problemas naturais e às relações numéricas.
Os sociólogos
imaginam que as estruturas sociais foram concebidas pelo homem e colocadas em
funcionamento segundo o plano traçado pela inteligência. O economista não
desconhece o processo cultural da evolução, acreditando que esse mesmo processo
é incapaz de furar o bloqueio da realidade, acreditando que esse mesmo processo
espontâneo, pudesse criar uma ordem completa porque provêm de conhecimentos
muito mais diversificados. O primeiro usa a inteligência, o segundo, a razão.
Na Amazônia
temos dois tipos de sociedade: uma orientada pela filosofia social dos
governantes (os assentamentos) – a segunda pelos garimpeiros livres. A primeira
está sustentada pelo governo, a segunda não, mas a primeira esta estagnada e a
segunda em total crescimento.
Os
sentimentos morais instintivos, que são genética e biologicamente... inscritos
no homem, se desenvolvem nos grupos que vivem nos garimpos, onde os indivíduos
trabalham por um objetivo comum, evidente: o da sobrevivência. Esses
sentimentos, sem regras morais, não foram concebidos pela inteligência e se
desenvolvem seguindo o mesmo processo de seleção que os atributos biológicos.
Os grupos que
se adaptam às instituições eficientes no momento certo têm sucesso e se
multiplicam; as instituições dirigidas sobre razões sociais revelam-se inaptas
a promover a cooperação social no prosseguimento dos objetivos individuais.
O
desenvolvimento das regras morais e econômicas dos garimpeiros não se deve a um
processo intelectual, do fato de que esses garimpos teriam entendidos que suas
regras eram as melhores. Na verdade as regras se expandem, porque as sociedades
que as adaptam (os garimpos) se multiplicam mais rapidamente que as outras.
Na Amazônia,
a grande diferença entre a sociedade dirigida (os assentamentos) e a sociedade
que vive do liberalismo clássico (os garimpos) é que na primeira busca-se
satisfação de exigências de justiça social, devendo ficar na mão das
autoridades, das associações e movimentos organizados esse dever de justiça,
que dita, então, na sua conduta aos membros dessa sociedade. Nos garimpos
livres, o governo é assumido por princípios de justa conduta individual e, mais
eficientes acabarão vencendo, espalhando-se naturalmente até o ponto em que,
cada vez mais numerosos, criarão, selecionarão progressivamente regras que
desmistificarão os instintos herdados do início da evolução.
Então, serão formadas a partir de garimpos, organizações
sociais cada vez mais numerosas e maiores, e
seus dirigentes, menos confrontados às regras íntimas de mercado, virarão
racionalistas. E então, os garimpos morrerão
lentamente ou se transformarão.
0 comentários:
Postar um comentário