segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Jornalismo ou entretenimento?

Novela ou filme, sabemos que é mentira, é Entretenimento, mas se for num quadro jornalística, uma rede de TV que se pretende séria tem que procurar fontes sérias e saber observar o racismo subjacente

Foto de um garimpo ilegal dirigido por europeu na Guiana Francesa

A televisão brasileira tem mostrado esporadicamente reportagens ou temas de novelas abordando o aspecto garimpo. Esta série de reportagens que são roteirizadas especialmente para atender a curiosidade dos telespectadores dos grandes centros urbanos do país, embora respaldadas por sólidas verbas e feitas por pessoas experientes, ficam por merecer da sociedade do garimpo, algum elogio. De um modo geral, a abordagem dos vários aspectos do movimento humano, na frenética corrida ao ouro e aos diamantes, nem sempre é feito de modo fiel e preso à verdadeira realidade do homem garimpeiro. Podemos até entender que novela é ficção, mas jornalismo não pode apresentar mentiras, arriscando credibilidade. Só que perder a credibilidade frente a centenas de milhares de pessoas pode não significar nada em face de milhões de curiosos satisfeitos.
Unanimemente, as pessoas que vivem e dependem do garimpo assistem ironicamente essas reportagens levadas às telas de TV. Motivados pelo desconhecimento das intimas peculiaridades que movem a atividade garimpeira, além da barreira da discrição que os verdadeiros homens do garimpo colocam a frente, os jornalistas e diretores responsáveis contam apenas com a ajuda de pessoas que conhecem superficialmente o garimpo e quase sempre fornecem informações fantasiosas, imprimindo conotações sensacionalistas a nem sempre fascinante carreira de garimpeiros. Informações truncadas pauteiam sempre estas reportagens, levando aos corações de milhões de brasileiros blefados uma falsa imagem de eldorado amazônico, e de aventura provocando o deslocamento inútil de homens e mulheres infelizes de todos os pontos do país, às regiões focalizadas pelas reportagens. Reportagens na região do Tapajós ou Roraima, com o tom sensacionalista tem prejudicado a comunidade do garimpo, uma vez que aventureiros aprendizes estão chegando às cidades de Itaituba e Boa Vista. Marginalizados, decepcionados e sem ter a quem recorrer, os novos aventureiros da Amazônia amargam suas desilusões apelando para empregos eventuais ou pior, ate reunir o suficiente para retornar as suas respectivas, mas confortáveis monotonias.

Hoje, o assunto no quadro do Fantástico da TV Globo foi o ouro da Guiana francesa com imagens fortes, reais, mas intencionalmente selecionadas e, com imagens de bordeis do porto de Oiapoque e não dos garimpos da Guiana e portanto falsas em parte e no seu conjunto e em nenhum momento, foi falado do racismo que norteia as atuações dos gendarmes e do exercito francês da "OPERATION HARPIE" em relação aos garimpeiros brasileiros, racismo, pois para os garimpeiros franceses ou americanos que trabalham na mesma região, com uma tecnologia mais avançada e até com impacto ambiental mais profundo, só há notificações para retirada do local com prazo, orientações para solicitar “permis miniers” e sem destruição dos equipamentos como ocorre para os garimpeiros brasileiros.


A real motivação do governo francês é impedir pela força que a grande quantidade de brasileiros que ingressam ilegalmente na Guiana francesa faça desequilibrar a balança da população brasileira já importante na cidade de Cayena nos setores de construção e domésticos em relação a fraca população francesa e ocorrer o mesmo fenômeno que aconteceu no Acre. Uma divisão com ódio racial existe entre as duas comunidades francesas: a originária da França metropolitana, branca e que só está de passagem em missão e os originários da Africa, antigos escravos de antes da revolução francesa, negros que são os mais ferrenhos defensores da operação Harpia, pois se consideram donos da Guiana e eles querem manter o controle do poder local. 

O pior seria as forças policiais brasileiras copiar essa forma de racismo para seus próprios garimpeiros, pois pior que o racismo entre dois países, é a discriminação interna em relação aos homens que procuram sobreviver por homens que tem profissão e salario garantido

0 comentários:

Postar um comentário