domingo, 23 de novembro de 2014

A prova da estupidez e o porquê do fracasso das Junior Company no Tapajós

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No primeiro mapa anexo, podemos verificar o levantamento detalhado de uma anomalia de ouro numa área do Tapajós através de uma malha muito fina de 20m por 20m. Cada amostra foi analisada em laboratório certificado pela bolsa de Toronto e Vancouver. As amostras coletadas no solo a 1 metro de profundidade tinham um peso de 250 gramas a 500 gramas e destas amostras secas e peneiradas no laboratório foram retiradas uma alíquota de 5 ou 10 gramas que foram analisadas por absorção atômica e os resultados lançados no mapa em ppb (parte de ouro por bilhão) pelos geólogos canadenses da empresa do mesmo pais e isto conforme as exigências da Lei canadense 43101. Os teores estão grafados em cor preta. O mapa mostra anomalias pontuais sem continuidade. No mapa aparece uma forte anomalia a oeste e sudoeste do mapa de cor roxa que na realidade é uma anomalia falsa, pois as amostras foram coletadas em aluviões e este aluvião esta entupido por rejeitos garimpeiros e com ouro transportado pelas águas. Apesar de amostrado, os resultados não foram considerados pela empresa, pois são secundários. Como os resultados não mostraram anomalias condizentes com as exigências do mercado internacional nem neste local, nem das demais áreas trabalhadas pela empresa no projeto, as ações caíram e a empresa faliu.
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No segundo mapa anexo, exatamente no mesmo local do primeiro, uma empresa brasileira que comprou da empresa canadense a área e os direitos minerais pelas dívidas trabalhistas e dos fornecedores decidiu refazer o trabalho seletivamente não mais utilizando laboratório certificado, mas uma simples bateia. O geólogo brasileiro mandou fazer uma malha de 40m por 40m, com amostragem a 40 cm de profundidade na parte que mostrava algumas anomalias pontuais da empresa canadense e a anomalia de pontual transformou-se numa anomalia contínua, de direção bem definida, que posteriormente foi confirmada por poços e trados. Naturalmente, a empresa brasileira não amostrou a aluvião com amostragem geoquímica, o que seria inócuo, mas fez testes neste rejeito para verificar a possibilidade de recuperação do ouro por cianetação.
No primeiro mapa teores altíssimos e baixíssimos, no segundo mapa, teores médios e bons.

Porque uma simples bateia e algumas dezenas de milhares de reais chegaram a um resultado satisfatório num local onde laboratório certificado internacionalmente e quatro milhões de dólares não conseguiram?

Porque a granulometria do ouro é grossa. As pintas são de 0,26; 0,47 e 2,2 mg. Com este tipo de pintas de ouro, seria difícil elas estarem na amostra de 250 gramas de solo da empresa, e ainda mais difícil elas caíram na alíquota de 5 gramas; resultado: teores baixíssimos  no conjunto das amostras e algumas poucas, onde, estatisticamente, algumas destas pintas acabaram sendo analisadas e forneceram teores pontuais altíssimos e que foram consideradas como efeito pepita pela empresa canadense, obedecendo a lei 43101.
No caso da amostra de bateia, a estória é diferente. A amostra sendo de 10 kg de solo, ela representa uma amostra 40 vezes maior onde a chance de pegar esse ouro grosso é, portanto 40 vezes maior. Desta amostra de 10 kg, a bateia retira a totalidade do ouro e não se trata de um sorteamento como no caso do laboratório, mas de um filtro, onde é eliminado tudo que não é ouro. O bateador, usando uma tabela ira conferir e classificar as pintas com lupa e a soma destas pintas ira formar um peso de ouro e como se conhece o peso da amostra, poderá se calcular a quantidade de ppb (parte por bilhões de ouro) em cada amostra.

É assim que os milhões de dólares gastos inutilmente e estupidamente pelas empresas canadenses tiraram as aposentadorias dos velhinhos dos USA e do Canada e provocaram essa crise de credibilidade das Juniors Company e o desemprego de muitos geólogos no Brasil.



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