sábado, 6 de dezembro de 2014
Para acharmos as fontes dos diamantes do Tapajós, melhor estudarmos a geologia do diamante do Brasil do que da África
O estudo da origem dos diamantes no
resto do Brasil é uma fonte de hipóteses muito mais viáveis que o estudo de
fontes na África e que pode abrir uma solução em relação à fonte dos diamantes
do Tapajós.
A observação do papel do filito
hematitico no Espinhaço é uma informação que se enquadra perfeitamente ao
Tapajós onde foram descobertas amplas áreas de filitos hematiticos nas regiões
diamantíferas
Enviado por Jose Fernando da Silva Lemos
O Diamante (Arqueterra Luis de
Oliveira Castro)
Um dos temas mais fascinantes e
polêmicos ligados à geologia e aos recursos minerais do espinhaço é a origem
dos diamantes.
Como resumem Abreu e Munhoz, os
depósitos hoje lavrados são metaconglomerados polimiticos, metabrechas
quartiziticas consideradas como pertencentes à formação sopa brumadinho e
depósitos aluvionares e coluvionares recentes, que representam jazidas
secundárias e terciárias. A origem primária dos minerais tem sido objeto de
longos debates, destacando-se duas correntes. A primeira, advogada por Drapper,
hussak e plufg, propõe intrusivas ultrabásicas, quimberliticas. A segunda,
levantada por Moraes e Guimarães e mais tarde revista e apoiada por Barbosa,
propõe vulcânicas ácidas e intermediárias, agora transformadas em um filito
hematitico. Herrgesel também defende esse filito como rocha matriz.
Fato peculiar ao espinhaço é a maior
ocorrência de carbonados como subproduto do diamante. No passado, o carbonado
valia tanto quanta gema, principalmente para montagem de coroas de perfuração.
Na Bahia, em muitas lavras, ele prepondera sobre o diamante. Em outros locais,
como diamantina, embora exista, é raro e quase desconhecido. Leonardos observa
ser difícil distinguir o carbonado de outros satélites negros, e que só o
nomadismo do garimpeiro baiano provou sua existência em outros estados do país.
Além da Bahia, Grão Mogol e diamantina, ocorre no oeste de Minas, Paraná,
Matogrosso e Goiás.
Robinson fez uma revisão do
conhecimento sobre a gênese do diamante, concluindo que o quimberlito é a única
rocha com origem suficientemente profunda mais de 150 Km para alcançar níveis
portadores de diamantes. Concluiu ainda que a origem do carbonado parece
excepcional. Sua ausência em quimberlitos, o tamanho dos seus cristalitos e sua
composição isotópica sugerem derivação de carbono orgânico e as inclusões
lembram minerais metamórficos da crosta.
A relação isotópica do carbono 13C/12C
de uma amostra é, em geral, referida à mesma relação de uma amostra padrão. A
diferença entre relações, expressa em por mil, é indicada pelo símbolo §13C.
Valores positivos de § revelam mais 13C na amostra padrão e
vice versa. Os diamantes tem geralmente §13C variando de -2 a -10
por mil; os carbonados apresentam valores §13C em torno de -28 por
mil. Carbono biogênico mostra maior dispersão, com §13C variando de
-2 a -29 por mil. Surgiu daí a proposta de o carbonado ter sido formado a
partir da subducção de sedimentos da fossa contendo carbono biogênico. Nesse
caso, duas implicações merecem atenção:
Primeiro, é estatisticamente improvável
que os carbonados tenham uma origem e os diamantes, que ocorrem juntos,outra.
Certamente, ambos foram carreados para a superfície por mecanismos afins e, se
o carbonado está ligado a uma subducção, os diamantes também. E isso é valido
para todos os locais onde ocorrem diamantes e carbonados, mesmo quando são
raros.
Segundo, essa composição isotópica
anômala decide a questão da gênese em favor de moraes,Guimarães, Barbosa e
herrgesell que defendem para matriz uma vulcânica inusitada, cuja natureza se
coaduna com a de sedimentos biogênicos depositados em uma fossa.
Aditamos aqui a observação de que
essa fossa vulcânica deve provalvemente estar relacionada à margem Dom Silvério
e não ao rifteamento que produziu a deposição do espinhaço, mesmo porque
margens passivas não geram diamantes e, como dito, eles não vieram de
quimberlitos. A implicação disso é que os diamantes não estão nos conglomerados
do super grupo espinhaço, mas apenas nos conglomerados polimiticos, de
ocorrência errática, da chamada formação sopa, decorrentes da erosão do filito
hematitico.
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