terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Qual a melhor imagem de satélite para seu projeto?


À esquerda, imagem do satélite SPOT (5 m de res.), À direita, imagem do satélite LANDSAT (30 m de resolução) 
Fonte: Vasgeo

As imagens pancromáticas e multiespectrais

Atualmente, há no mercado diversos tipos de imagens de satélite com diferentes características de resolução espacial, radiométrica, espectral e temporal. Em meio a tantas opções, como saber qual a melhor e a mais adequada para o projeto de sua organização?
Em cerca de 90% dos casos, as imagens de satélite são utilizadas para mapeamentos a partir da identificação visual, nos quais a multiespectralidade acaba sendo pouco explorada. Entretanto, como o resultado final apresenta um produto visualmente agradável devido à cor, as empresas têm preferência em trabalhar com imagens fusionadas.
Nesse sentido, é válido ressaltar que, para aplicações de mapeamento, nas quais a forma dos objetos é o mais importante, as imagens pancromáticas podem atender plenamente a esse tipo de necessidade. Além de possuir um custo mais acessível, a imagem pancromática é processada mais rapidamente devido à não necessidade de fusionamento e proporciona uma economia de espaço rígido em até três vezes por não ter os canais RGB.
Seguindo essa tendência, a Digital Globe opera com imagens pancromáticas e é ideal para mapeamento em grandes escalas e identificação de objetos devido a sua grande resolução espacial, o que permite mapear e identificar com muito mais facilidade. O mais novo lançamento já possui um contrato milionário com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos para mapeamento, comprovando o fato de que a imagem pancromática atende plenamente essa aplicação.

Outro exemplo disso é o satélite Alos, da Agência Espacial do Japão (JAXA), que coleta imagens pancromáticas e multiespectrais em períodos distintos. As imagens 2,5m Pan Nativa geradas a partir deste sensor são de excelente qualidade visual não havendo nos casos de mapeamento (monitoramento de fenômenos naturais e cartografia de precisão) a necessidade de fusionamento com bandas multiespectrais.  O Cbers 2B, do INPE, também constitui um satélite que fornece imagens pancromáticas com 2,5m de resolução espacial. Lançado em 2007, é indicado para aplicações de mapeamento no território nacional.

Além dos Estados Unidos, os países da Europa também têm a cultura de utilizar imagens pancromáticas para fins de atualização cartográfica. Entretanto, de fato, tudo depende do tipo de aplicação da imagem em um determinado projeto, ou seja, é preciso identificar qual a necessidade e então utilizar a imagem que melhor atenderá aquela aplicação.
Por outro lado, quando falamos em aplicações específicas para projetos de classificação como na Agricultura, a multiespectralidade se mostra fundamental, pois é a partir dela que se realiza a classificação dos dados para acompanhamento, por exemplo, de pragas. Além disso, as imagens multiespectrais permitem neste caso a identificação de queimadas e classificação do solo para avaliação dos diferentes tipos de terreno.
Já, nas aplicações do mercado de Meio Ambiente, a multiespectralidade também é necessária e utilizada no mapeamento da vegetação, na qual se pode observar visualmente o tipo de vegetação e seu estado fenológico. Além disso, há também técnicas de processamento digital de imagens como a NDVI por meio da qual é possível identificar o índice de vegetação. Outras técnicas como a falsa cor e a de mapeamento de vegetação, também são utilizadas para esse tipo classificação.
Outro exemplo no qual a multiespectralidade é essencial consiste nas aplicações para área de Defesa. Neste caso, as imagens multiespectrais possibilitam, por exemplo, a identificação de alvos militares, objetos camuflados, entre outros.
Conforme relatado acima, há, atualmente, diversas opções de imagens de satélite disponíveis no mercado. O importante é saber adequar as características de cada tipo de sensor à necessidade de aplicação em um determinado projeto. Desta forma, será possível escolher a melhor opção em imagens tendo como base a melhor relação custo x benefício para seu projeto.

Tipos de Resolução de Imagens Orbitais


A fundamentação, embasamento e conhecimento teórico de determinada geotecnologia é de extrema importância para a correta realização de trabalhos e estudos na área. Ao trabalharmos com produtos de Sensoriamento Remoto devemos nos atentar a uma série de conceitos e definições de extrema importância e que, além disso, são de uso corriqueiro no dia a dia.
Trazendo à tona algumas dessas definições vamos tratar, de forma simplificada, para maior entendimento, os tipos de resolução de imagens de satélite e de que forma elas podem influenciar nossos trabalhos.
Falando então dos tipos de resolução das imagens orbitais (ou de Sensoriamento Remoto) temos:

RESOLUÇÃO ESPACIAL: Determina o tamanho do menor objeto possível de ser identificado na imagem. Leva em consideração o tamanho do pixel da imagem. Por exemplo: se um determinado alvo tem dimensões de 10 m x 10 m, logo a resolução espacial da imagem para que esse elemento seja identificado deve ser de 10 m.
Entretanto a prática nos mostra que para detectarmos o elemento, a resolução espacial deveria ser de, no mínimo, metade do seu tamanho.
Aplicação: Influencia inúmeros pontos de um estudo como, por exemplo, a escala de trabalho, o grau de detalhamento do produto e tipos de projetos em que a imagem pode ser usada.


RESOLUÇÃO ESPECTRAL: Essa resolução envolve três parâmetros de medida:

1.       Número de bandas;
2.       Largura do comprimento de onda;
3.       Posição da banda no espectro.
Analogamente, quanto mais bandas um sensor possuir, maior será sua resolução espectral. Se o sensor possui a capacidade de imagear várias faixas (largura do comprimento de onda) do espectro eletromagnético, composto em bandas distintas, logo será possível identificar mais claramente diferentes tipos de materiais na superfície. A título de exemplo, a identificação de cursos d'água se torna mais fácil se analisarmos a faixa do Infravermelho Médio (IVM), equivalente à banda 5 do satélite LANDSAT.

 
Aplicação: Quanto mais bandas maiores serão as possibilidades de identificar alvos e possibilidades de realização de diversos tipos de trabalhos a partir de composições RGB distintas.

RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA: É dada pelo número de níveis de cinza (ou DN "digital number") utilizados para se compor a imagem. Tais valores de DN são expressos em forma de números de dígitos binários (bits). Para se calcular quantos níveis de cinza um sensor é capaz de coletar elevamos 2 à potência do valor em bits: uma imagem de 1 bit terá 2 níveis de cinza, 2¹ = 2, já uma imagem de 8 bits terá 256 níveis de cinza, 28 = 256.


Aplicação: Se possuímos uma imagem de 11 bits (Satélite WorldView, resolução espacial de 0,5 m) é possível analisar a diferenciação das tonalidades da vegetação (níveis de cinza) em uma área de mata. Ideal para trabalhos de delimitação de tipos de vegetação em uma mesma área. Entretanto se o objetivo é delimitar classes (diferenciar elementos distintos em macroescala) uma imagem de 8 bits com resolução espacial de 30 m (LANDSAT) atenderá a demanda.

RESOLUÇÃO TEMPORAL: É o tempo de revisita do satélite para imagear uma determinada área no globo. Cada satélite possui uma resolução temporal distinta. Abaixo alguns exemplos, dos satélites mais conhecidos.

- LANDSAT: 16 dias para voltar a imagear uma mesma área no globo;
- WorldView: varia de 1,1 a 4,6 dias (variação de acordo com o satélite WorldView-1 ou WorldView-2 e angulação, nadir e off-nadir);
- Quickbird:  1 a 3,5 dias (dependendo da latitude);
- CBERS: 26 dias (ocorre variações de sensor para sensor);
- RapidEye: 24 horas (off-nadir) e 5,5 dias (nadir);
- SPOT: 26 dias (variações de sensores);
- IKONOS: 1,5 a 3 dias (dependente da latitude);
- GeoEye: 3 dias (no máximo).

Aplicação: Identificar modificações na superfície a partir da análise de duas imagens de uma mesma área em períodos distintos.