quarta-feira, 8 de abril de 2015

Região em litígio envolve empresa do Canadá e fica a 14 km de Belo Monte

Mais um conflito entre a LEI BRASILEIRA e o argumento da ANCESTRALIDADE (garimpeiros jovens que auto incorporam os direitos adquiridos por colegas de profissão que trabalharam na área 60 anos atrás) 




Por EVANDRO CORRÊA

Especial para o LiberaI

A empresa Belo Sun ofereceu denúncia contra garimpeiros por explorarem recursos minerais sem licença ambiental nas margens do rio Xingu, próximo a Senador José Porfírio, município onde a mineradora pretende instalar a planta do projeto Volta Grande, considerado o maior de extração de ouro do país. A região em disputa entre a empresa canadense e os garimpeiros fica a 14 quilômetros da barragem da hidrelétrica de Belo Monte.
 A Polícia Civil abriu inquérito e, há três semanas, a Divisão Especializada em Meio Ambiente (Dema),vinculada à Polícia Civil, convocou 16 garimpeiros para prestarem esclarecimentos na delegacia. Se condenados por crime ambiental, eles podem ser obrigados a prestar serviços sociais ou a pagar cestas básicas. "A Belo Sun não tem mais direito de estar naquela área do que os garimpeiros artesanais, que estão ali há seis décadas. Apesar disso, a empresa age como se fosse proprietária da região, constrangendo os moradores do local e pressionando sua saída", disse Leonardo Amorim, advogado do Instituto Socioambiental.
A Belo Sun possui a subsidiária brasileira Belo Sun Mineração, que é detentora de 42 direitos minerários para exploração de ouro no Pará. Segundo dados do Jazida.com, são quatro requerimentos de lavra e o restante se divide em autorizações e requerimentos de pesquisa. A mineradora tem ainda os projetos Patrocínio, também no Pàrá, e Rainbow, em Minaçu (G0). Os garimpeiros, que trabalham no local há mais de 60 anos, acusam a Belo Sun de querer expulsai-os sem direito a indenizações. Cerca de 2 mil pessoas da região vivem do garimpo. estas pessoas só querem ter seus direitos reconhecidos. A empresa não ofereceu nada para o povo.”Estamos falando de gente que nasceu e se criou no lugar, e que não sabe fazer outra coisa", disse o presidente da Cooperativa dos Garimpeiros da região, Valdenir do Nascimento. O ouro de Belo Monte está no subsolo de uma região conhecida como Volta Grande do Xingu. A licença ambiental que os garimpeiros tinham para operar na região venceu em dezembro de 2014. No entanto, eles alegam que pediram renovação do documento para a Secretaria do Meio Ambiente do Pará e que receberam uma autorização de lavra para uma área completamente fora do local onde trabalhavam, um pedaço de terra que não possuía ouro. "Quando reclamamos que a demarcação estava errada, disseram que a gente não queria autorização nenhuma e cancelaram a licença. Ficamos sem ter onde trabalhar", afirmou Nascimento. O delegado Waldir Freire Cardoso, chefe de operação da Dema, disse que a polícia constatou a lavra de ouro sem autorização.  A denúncia envolvia pessoas e pequenas empresas que atuavam numa área que a Belo disse que é dela
Para nós, não interessa se a denúncia vem da Belo Sun ou de quem quer que seja. A autuação foi motivada por conta de constatação do dano ambiental, afirmou  
Há três anos a Belo Sun busca o licenciamento para o seu garimpo industrial, processo que é tocado pelo governo do Pará. A empresa já tem a licença prévia do projeto e se prepara para pedir a licença de instalação, documento que libera efetivamente a extração do ouro.
Na área há mais ele 60 anos, os garimpeiros são acusados de crime ambiental. o Ministério Público Federal questionou o Ibamà sobre a necessidade de o órgão federal assumir a responsabilidade pelo licenciamento, dada a sua proximidade com a hidrelétrica e a potencialização dos impactos sócio ambientais por conta da mineração, mas o tema ainda não foi discutido pela secretaria estadual. A Belo Sun, que pertence ao grupo canadense Forbes & Manhattan, um banco de capital fechado que investe em projetos de mineração tem planos de aplicar US$1,07 bilhão no projeto Volta Grande. A mineradora canadense afirma ser possível uma produção anual média de 205 mil onças de ouro durante 17 anos de vida útil da mina.


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