A respeito da produção ilegal de diamantes na reserva Roosevelt
Em matéria da folha de São Paulo, texto em vermelho com relativização de Fernando Lemos
Há bases da Polícia Federal em todas as portarias oficiais das terras
indígenas, mas ainda assim é impossível controlar o fluxo de pessoas e
equipamentos até o garimpo (que
ocorrem com a participação dos índios).
Abrem-se estradas clandestinas que vazam a reserva por meio de fazendas
fronteiriças. E há uma pista de pouso dentro da reserva, além de diversos
pequenos aeroportos em fazendas.
34) Os diamantes extraídos da Roosevelt saem, sobretudo, por três caminhos.
Um deles é justamente o transporte aéreo. Retiradas da terra, as pedras são
fotografadas e as fotos enviadas pela internet para os compradores
intermediários, geralmente europeus e norte-americanos. Por mensagem, negociam
preços e local e data da entrega.
35) O comprador chega à América do Sul via Equador, Peru, Colômbia ou
Bolívia. Num desses destinos, aluga um monomotor e cruza a fronteira pelo ar,
até aterrissar numa pista ilegal para entregar o dinheiro e pegar o diamante,
sem nem pisar em solo brasileiro.
Outra forma de desovar os diamantes é
pela fronteira terrestre, rumo à Venezuela e à Guiana. A Venezuela era um dos
poucos países produtores de diamante que não emitia o certificado Kimberley (espécie de certidão da pedra que, em tese, comprova sua origem) até abril deste ano, quando assinou o acordo internacional. Antes,
todo seu mercado de diamantes era ilegal, e toda pedra brasileira que lá
entrava era incorporada pelo comércio local. Para a Guiana, o fluxo de
contrabando é menor. A vantagem é que se pode
conseguir o selo Kimberley –pedras que entrem num zoneamento legal da
certificação são cadastradas como se tivessem sido extraídas de lá.
36) O terceiro modo de esquentar os diamantes é interno. A operação é
semelhante à que se realiza na Guiana, com o registro feito em outros Estados,
no caso Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. Os diamantes são levados de
forma ilegal até minas regularizadas e, chegando lá, são
"oficializados". (não foi
dito no item 10 que os diamantes da Roosevelt tem sua origem facilmente
identificáveis?????????)
37) Com a chancela Kimberley ( no item
10 afirmam ser facilmente identificáveis os diamantes do rooselvet, como mesmo
assim certificam os diamantes como oriundos de outros locais?????) podem ser exportados diretamente ou vão para a cidade de Juína
(MT), onde são vendidos em uma legalizada "bolsa de valores de
diamantes", na praça principal.
38) Tudo isso dificilmente se faria sem um guarda-chuva de interesses
poderosos. "Sempre acreditamos no envolvimento de pessoas poderosas a
movimentar o garimpo", diz Reginaldo. "São muitos os relatos a
respeito do envolvimento de servidores de diferentes órgãos, políticos,
empresários e até multinacionais na exploração; só isso pode justificar que uma situação tão grave seja tratada de forma
tão amadora", conclui.
39) O dinheiro que entra nas contas das lideranças indígenas, claro, também
não é legal. É usado geralmente para melhorias na comunidade, com alguns
privilégios para os líderes: compram-se, por exemplo, caminhonetes para o
transporte de todos, mas a prioridade de uso é dos caciques; ou instalam-se
antena parabólica e internet wi-fi, mas antes na casa do cacique. Por outro
lado, se a liderança não atender a um mínimo de expectativas em sua aldeia,
será contestada internamente.(conflita com o afirmado no
item 26)
40) Hoje, os líderes mais influentes são aqueles com mais respaldo popular,( como podem ter respaldo popular se a maioria é contra o que eles
fazem: o garimpo) caso de Marcelo Cinta-Larga,
cacique da Aldeia Roosevelt, e do já idoso João Bravo, chefe da Aldeia Tenente
Marques, onde pouco se fala português.
41) João Bravo é liderança histórica dos cintas-largas e tem status de
prefeito vitalício, bancado pelo dinheiro do garimpo. Ficou rico, mas levou
contrapartidas à comunidade: construiu estradas e iluminação, providenciou
médicos e remédios para a aldeia, comprou carros e gado e até ergueu uma
pequena hidrelétrica na terra indígena.
42) Já seu filho, Raimundinho Cinta-Larga, não conta com o mesmo prestígio.
Um relatório do Ministério Público de Rondônia aponta que em 2005 ele já era
dono de uma casa avaliada em R$ 400 mil em Cacoal. Em 2014 foi citado nas
investigações da Lava Jato como destinatário de oito remessas de dinheiro (em
um total de R$ 21.450,00) oriundas do doleiro Carlos Habib Chater, suspeito de
participar da extração e venda de diamantes no exterior.
A defesa de Raimundinho diz que ele e a cooperativa
que
comanda, Coopecilar, nunca extraíram diamantes da terra indígena.
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1 comentários:
Como eu entro em contato com os amigos da reserva?
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